Durante uma viagem pela Jamaica, há dois meses, o fotógrafo Breno Moreira voltava de um trabalho quando viu crianças jogando futebol em Trenchtown, uma favela do país citada na música Alagados, de Os Paralamas do Sucesso.
Ele pediu ao motorista que parasse e saiu para fotografar a cena. Segundo ele, o motorista falou que talvez não fosse seguro e que as pessoas poderiam se sentir desconfortáveis.
— Eu fui, mesmo que devagar, com uma certa timidez, consegui chegar perto das crianças e quando eu vi já estava todo mundo gostando.
A sequência de imagens foram ampliadas e estão expostas no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, na zona sul, na mostra Explorações Fotográficas Banal, Silencioso e Pausa.
O organizador da mostra, Demian Jacob, que também tem obras expostas, diz ter escolhido artistas que exploram a fotografia de formas não tradicional.
— O conceito da exposição gira em torno de fotografia lírica. Eu pesquisei alguns artistas que exploram a fotografia de uma maneira não tradicional, mas uma fotografia geral e que trabalhem a midia que tenha a ver com essa poética.
Para a mostra, Moreira ampliou as imagens de uma maneira antiga, direto dos negativos, o que vai na contramão da era da foto digital.
Para ele, isso tem uma relação direta com o tema da exposição e vem de referências de fotógrafos que ele diz admirar.
— As ampliações foram feitas exclusivamente para a exposição. Eu já tinha pensado que seria legal ampliá-las porque é uma sequência que diz muito sobre mim, sou muito ligado a futebol e crianças.
Ainda sobre o tema, Moreira aponta o quarto escuro usado para ampliação como o silêncio, o processo como a pausa e a cena fotografada como o banal.
— Qualquer pessoa que passasse por ali acharia banal aquela cena, e eu me interessei por aquilo.
Além de Moreira e Jacob, a mostra também tem trabalhos de Alice Quaresma, Lima Kaplan, Luiza Baldan, Rafael Adornam, Rafael Melita, Renan Monteiro e Vitor Vieira.