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Metade dos PMs de UPPs se diz mal preparada, aponta pesquisa

Além disso, 59% prefeririam estar trabalhando em outro tipo de policiamento

Rio de Janeiro|Do R7

68% dos policiais de UPP não consideram sedes boas
68% dos policiais de UPP não consideram sedes boas 68% dos policiais de UPP não consideram sedes boas

Mais da metade dos policiais militares que atuam em UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) acha que a formação policial não a preparou para o trabalho nas comunidades pacificadas. É o que aponta pesquisa realizada pelo Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), da Universidade Cândido Mendes. Além dos 51,7% que se acham mal preparados, os dados mostram que 52% sentem falta da formação prática e conhecimento da realidade das favelas.

Um possível caso de despreparo e falta de conhecimento das comunidades pode ser o da morte de Herinaldo Winícios Santana, de 11 anos, que foi baleado no Parque Alegria, no Caju, zona norte do Rio, no dia 23 de setembro. Segundo moradores, a criança brincava perto de casa com um amigo, quando o PM se assustou, ao sair de um beco, e efetuou o disparo. Os policiais envolvidos na ação serão afastados das ruas.

Nesta semana, um policial que não quis ser identificado corroborou o resultado da pesquisa quando afirmou à Rede Record que “o grande problema da polícia é na formação”. Segundo o PM, que atua em uma UPP, o curso “é muito fraco para a responsabilidade” que os policiais têm de lidar.

A pesquisa do Cesec aponta, também, que o item de formação pior avaliado é o uso de armamento menos letal. Apenas 34,4% acreditam que foram bem ensinados. Em relação à assistência psicológica, apenas 16,1% consideram ser boa. Em geral, as condições de trabalho foram o maior alvo das críticas dos policiais. Também foram pouco avaliados positivamente as sedes (31,9%), o local e a condição de alimentação (18,6%) e os dormitórios (15,6%) das UPPs. 

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O Cesec entrevistou 2.002 policiais militares que atuavam em 36 áreas de UPP em 2014. Destes, 59% prefeririam estar trabalhando em outro tipo de policiamento. E 61,5% deles acreditam que os moradores têm sentimentos negativos em relação aos policias. Na pesquisa, 56,4% dos policiais declararam abordar e revistar suspeitos frequentemente nas comunidades, enquanto 32,3% afirmaram registrar ocorrências em delegacias e 29% fazem prisões e apreensões, atividades consideradas de "policiamento convencional".

No dia 29 de setembro, uma moradora do morro da Providência, na região central do Rio, filmou cinco policiais da UPP Providência alterando a cena de uma morte para forjar um auto de resistência. A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva dos envolvidos, que também serão expulsos da corporação. A mulher responsável pela filmagem conta que nunca confiou na polícia pacificadora, e afirma que os policiais que aparecem nas imagens eram conhecidos na Providência por fazerem "o plantão do medo".

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— Quando eles estavam de plantão, acontecia tiroteio de manhã, de tarde e de noite. Ninguém ia pra escola, ninguém trabalhava. Era o plantão do terror e do medo.

Apesar da reclamação com as condições de trabalho e de 42,4% se sentirem inseguros trabalhando em uma UPP, 28,1% dos policiais afirmam que a pior coisa de se estar em uma unidade em comunidade pacificada é a má relação com a comunidade. Segundo 65,8% dos entrevistados, eles já foram xingados ao menos uma vez e 55,8% afirmam que já foram alvos de objetos arremessados por moradores.

As atividades consideradas de "policiamento de proximidade" são, entretanto, pouco praticadas por eles. Apenas 5,4% afirmou que realizam reuniões com moradores e 25,8% realizam práticas de aproximação com os moradores. 

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