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Rio recebe festival de música no metrô e R7 mostra a vida de quem leva arte a passageiros

Conheça o trabalho de dois músicos de rua nos vagões do Metrô Rio

Rio de Janeiro|Do R7

Pela primeira vez, músicos poderão tocar nas estações do Metrô Rio, com autorização da concessionária. Entre 12 e 15 de agosto, três bandas brasileiras e nove estrangeiras vão compor a grade de apresentações (veja a programação). Músicos de Barcelona, Nova York, Londres, Paris, Montreal, Moscou e Berlim vão participar do Red Bull Sounderground, 3° Festival Internacional de Músicos de Metrô.

Para conhecer a rotina de artistas de rua nos vagões do metrô, cuja concessionária proíbe manifestações artísticas dentro e fora dos vagões, o R7 acompanhou dois músicos nos trens do metrô da capital fluminense.

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Luiz Gonzaga no vagão

Os passageiros estavam atentos ao ritmo do baião de Luiz Gonzaga tocado por dois jovens, em pé, na estação Estácio. Ninguém se mexeu quando a corda do banjo de um dos artistas arrebentou. No mesmo ritmo, a composição seguiu caminho. Na parada seguinte, o saxofonista finalizou a música ao mesmo tempo em que o alarme de fechamento das portas foi acionado.

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Os passageiros pareciam pensar em trabalho ou em contas pendentes. Entusiasmado, o artista com barba manuseou o saxofone, sem se preocupar com a ausência dos acordes do instrumento do companheiro. Com o peito firme, soprava notas agudas o suficiente para atrair a atenção do público. Eram espectadores dos dedos e dos lábios do músico, encarregado de adaptar a melodia nordestina ao ofício de um artista de rua. “Quando olhei a terra ardendo/Qual a fogueira de São João/ Eu perguntei a Deus do céu, ai/ Por que tamanha judiação?” (veja o vídeo abaixo)

Uma mulher segurava um dos ferros de apoio próximo aos artistas, com olhar atento à passagem das estações. Parecia refletir sobre lembranças estimuladas pela música. Sorridente, o artista com o banjo preso ao corpo aproveitou para circular com um chapéu na mão. A mulher deu uma nota de R$ 2 e desembarcou na Central.

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— Obrigado, espero que tenham gostado do nosso trabalho. Desculpa, novamente, se alguém se sentiu incomodado. Eu vou tentar passar o chapéu, trocar de corda e me equilibrar, tudo ao mesmo tempo. Mas a música continua!

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Yuri Rodrigues Genuncio e Thales Browne tocam juntos desde maio e tiram o sustento da música. A dupla se conheceu na Lapa, onde ambos se apresentavam ao público dos bares, cada qual com a própria banda. Naquela época, Yuri, em parceria com o artista de rua Felipe Lemos, perambulava pelos bares, em cortejo, admirado por uns e menosprezado por outros. Conheceram-se quando Felipe foi assistir a um ensaio de uma banda do Yuri e, desde então, tornaram-se parceiros. Yuri estudava filosofia, na Uerj, e Letras, na UFRJ, e aceitou o convite de dividir o aluguel de um imóvel na Lapa. Ali, organizou espaço para guardar instrumentos musicais, poucas peças de roupa e livros, principalmente romances e contos de Machado de Assis.

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Yuri se animou no dia em que Felipe lhe deu um cavaquinho. O som do instrumento, entretanto, era abafado pelo ruído do transporte público. Sem saber tocar o novo instrumento, continuou se apresentando na Lapa, onde recebia, dos espectadores, muitos litros de cerveja e poucas cédulas de real, como gratificação pelas performances. Com pouco tempo de prática, o artista foi criando intimidade com o cavaquinho.

Quando criança, Yuri fez aulas de iniciação de violino, percussão e piano. Em 2006, aprendeu conceitos básicos de teoria e prática musical, em aulas particulares de guitarra.

— Sempre fui autodidata. Nunca fiz faculdade de música. Tudo o que aprendi foi no meio da rua. Eu sei alguns conceitos de teoria, então saí me virando.

Em uma das incursões pelas ruas do bairro boêmio, a dupla descobriu o potencial artístico. Era uma noite como outra qualquer, quando uma jovem esperou o fim da apresentação da dupla para circular pelas mesas do bar com um chapéu, em que clientes depositaram notas e moedas. Yuri comentou com o companheiro:

— Não dá para viver somente de cerveja. Vamos investir na música. Vamos começar a tocar na frente dos bares da Lapa com o objetivo de ganhar dinheiro.

Dos bares aos vagões: um novo palco

Para artistas de rua, os locais de trabalho são becos de encontros desavisados. Em viagem pelo Brasil, um violinista argentino buscou transmitir a cultura de um artista estrangeiro a músicos brasileiros. Em 2012, convidou Felipe para tocar no metrô, que não hesitou em propor a Yuri a formação de uma parceria dentro dos vagões da concessionária. Antes, porém, o músico gringo já havia encaminhado outros artistas ao novo palco de apresentação. A partir da migração da rua para os vagões do metrô, surgiram bandas. Entre elas, Mambembes, formada por Yuri (banjo), Felipe Lemos (pandeiro) e Mario Laignier (violino). "No palco, na praça, no circo, num banco de jardim", o trio se reúne para ensaiar as canções; "por baixo da terra, cantando; na boca do povo, cantando", distraem os passageiros.

Assista ao ensaio da música Berimbau, de Vinicius de Moraes, tocada pela banda Mambembe:

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Terça-feira, 17 de junho, Rio de Janeiro. Yuri e Thales empurravam uns pães de queijo e mate goela abaixo, com olhares atentos à movimentação na plataforma da Saens Pena. Decretado feriado parcial, por causa do segundo jogo do Brasil na Copa, contra o México, os artistas trabalhariam até a hora da saída de funcionários das empresas, às 12h. A dupla parecia preocupada: agentes do MetrôRio trabalham nos feriados, principalmente em dias de jogos da seleção brasileira.

Mesmo assim, entraram no primeiro trem da linha 1 que parou na estação, apresentaram-se ao público e cantaram uma das músicas do repertório da dupla, formado por Asa Branca, de Luis Gonzaga; Samba da bênção, de Vinícius de Moraes; Sina, de Djavan; entre outras. Yuri não escolhe o repertório pela popularidade das canções. Para o músico, o trabalho dele não é como o de um DJ interessado em tocar apenas músicas conhecidas na pista de dança. 

— Não estamos aqui para tocar somente o que as pessoas querem ouvir. Estamos preocupados em tocar música bonita. Sempre pensamos: 'As pessoas precisam conhecer esta canção'.

O fim da primeira apresentação ocorreu na Central, onde saíram do trem e entraram na composição da frente. Para os artistas sobreviverem de trem em trem, é preciso malícia, argumenta Thales, atento aos funcionários do metrô. 

— Corre, corre. Se nos pegarem, teremos que sair do metrô e entrar na outra estação. E isso vai atrasar um pouco o nosso trabalho.

Formado por cerca de 20 bandas, o grupo de artistas dedicados a tocar no metrô traça os caminhos dos shows de forma peculiar. Alguns se apresentam somente nas estações da zona sul, onde há mais passageiros de classe econômica alta; outros percorrem o itinerário dos trens da linha 2. Há, também, artistas "donos do próprio palco", na entrada da estação.

Yuri e Thales apostam na atenção do público variado entre as estações Saens Pena e Cantagalo, dentro do mesmo trem. Terminada a primeira viagem, percorrem o caminho inverso.

— Você pode tocar em um vagão e não ganhar nada. Depois, pode entrar na composição seguinte, tocar a mesma música e ganhar rios de dinheiro — explica Yuri.

As bandas, às vezes, se esbarram nos mesmos vagões. No fim do terceiro show, a dupla desembarcou em Botafogo, onde avistaram um grupo de artistas no vagão da frente. Foram até a porta para se certificarem de que permaneceriam no local. Sem escolha, voltaram para o mesmo público. Para Yuri, os imprevistos estimulam a vontade de tocar nos vagões.

— Eu gosto muito do metrô porque a gente cria um ambiente, um palco momentâneo, na hora. O que é um local de transporte público, a gente transforma em palco. E, quando saímos, o palco desaparece.

No retorno ao carro, Thales anunciou a apresentação do show, como se visse aqueles passageiros pela primeira vez:

— Passageiros do vagão 2063, por causa de um imprevisto tivemos que voltar. 

Pela reapresentação, ganharam mais dinheiro.

— Nosso trabalho é orgânico, não ensaiamos. Fazemos o que dá vontade na hora. Até arranjo de música já criei no meio de uma apresentação. Às vezes, tocamos algo bonito ou inventamos uma piada. Se der certo, repetimos, tudo na base do improviso.

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Na viagem de volta, o metrô estava mais cheio. Às 11h, os assentos das composições acomodavam adultos, crianças e idosos, enquanto as plataformas recebiam as primeiras aglomerações em verde e azul. As escadas rolantes de entrada ao metrô transportavam brasileiros eufóricos, donos das próprias músicas e fantasias.

Com a mesma agitação, o interior do balaio de dinheiro dos artistas aglomerava notas e moedas. A quantia máxima arrecadada pela dupla em uma manhã de trabalho no metrô foi de R$ 170.

Com a câmera do aparelho celular, a enfermeira Lucidalva Pereira, de 59 anos, registrava a apresentação. A distância dos artistas não a incomodava. Para ela, o vídeo gravado poderia, de alguma forma, ajudar na aprendizagem de saxofone.

— A música faz bem para a alma.

Mais observadores, os irmãos Vinicius e Victor Revers estavam atentos à apresentação. A música não os agradava, preferiam guitarras e músicas pop a banjo e canções antigas.

— Mas música, de qualquer gênero, é boa para fazer o tempo passar mais rápido — opinou Victor, com destino à Barra da Tijuca, onde assistiria ao jogo.

A aposentada Vilma Soares
A aposentada Vilma Soares A aposentada Vilma Soares

Na saída do vagão, a aposentada Vilma Soares, de 70 anos, quase tropeçou e caiu, mas não desembarcou sem deixar R$ 2 para os músicos. 

— A música brasileira precisa ser mais incentivada.

"Você vai ser preso!"

De volta ao ponto de partida, na Saens Pena, sentaram-se no banco da plataforma. Pensaram em encerrar o trabalho: o horário do jogo do Brasil se aproximava. Mas arriscaram tocar mais um pouco, quando o primeiro trem da linha 1 parou na plataforma. 

A dupla não sabia que passaria pelo maior transtorno já vivenciado em mais de cinco anos de apresentação musical, desde a época em que tocavam nas ruas da Lapa.

De repente, aconteceu o fato mais temido por um artista que entra em uma estação do metrô para ganhar uns trocados. Um homem com um crachá da empresa viajava, em pé, no vagão. Sem perceber a presença do funcionário, Yuri discursou o tradicional “Olá, gente, somos artistas de rua e não queremos incomodar a viagem de ninguém”, na estação Uruguaiana. Terminada a introdução, o homem pediu para os artistas não tocarem na presença dele: teriam de ficar mudos até a próxima parada, na Carioca, onde teriam de sair com o banjo e o saxofone, presos ao corpo, plataforma afora, sem argumentos. Yuri não baixou o tom: improvisou um discurso, de lamentos e gratidão aos passageiros, e uma crítica, contra a imposição da empresa MetrôRio de vetar shows de artistas de rua no metrô. Durante o pronunciamento, equilibrava o balaio na cabeça, enquanto Thales desmontava o saxofone.

— Será que aqui eu posso fazer uma atividade circense? Ou seria melhor contar uma piada?

— Isto é um deboche, garoto? – retrucou o homem.

Yuri continuou a piada. O homem observou, em pé, o artista. As portas se abriram. Yuri e Thales saíram. O homem correu. O funcionário impediu a entrada deles no vagão da frente, puxando o braço de Thales, que não reagiu. Em menos de um minuto, três agentes do metrô correram ao local, onde agressões físicas já haviam se transformado em discussão verbal.

— Você vai ser preso! — ameaçou Yuri.

— Você vai me prender? Duvido! — desdenhou o homem, que deu as costas e subiu as escadas.

— É a lei! É a lei que vai te prender.

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Procurada pelo R7, a assessoria de imprensa da Metrô Rio afirmou que o homem envolvido no incidente é funcionário do metrô, sem especificar a atividade exercida por ele. De acordo com a concessionária, o funcionário visualizou, pelo aparelho celular, reclamações de passageiros, por meio de mensagens em rede social, e solicitou a retirada dos músicos do vagão. Segundo a empresa, o funcionário impediu "constrangimentos" causados pela dupla.

De acordo com o professor de Direito da Uerj Carlos Guimarães, as manifestações artísticas em locais públicos são permitidas, “pela liberdade de expressão e caráter artístico”. Para ele, não deve haver censura prévia a músicos no metrô do Rio. Porém, “a liberdade dos artistas tem de ser disciplinada, de maneira condizente com o interesse público, para não perturbar os usuários”.

— É como um proprietário de uma casa ao ser visitado. A visita pede, de alguma forma, permissão para entrar na casa, onde deve seguir as normas do estabelecimento — compara Guimarães.

A assessoria de imprensa diz que brigas desse tipo não são comuns no metrô. Afirma, ainda, que não proíbe a circulação de músicos nas estações e orienta os agentes a solicitarem a retirada de artistas, caso incomodem passageiros.

Mas Yuri diz que não é bem assim que a banda toca: já foi encaminhado à delegacia, quando saltou em uma estação onde um grupo de artistas discutia com um funcionário da concessionária; já foi impedido por um agente de sair pela porta do vagão “apenas para exercer a autoridade dele”; já viu o companheiro receber “uma banda” de um agente, repreendido por passageiros.

— Os guardas não entendem que não vamos sair sem dar satisfação ao público. Sem ao menos dar um tchau.

Com planejamento para criação de um projeto que autorize performances musicais organizadas nos vagões do metrô, a concessionária pode impedir atritos entre músicos e funcionários do estabelecimento. Na nova norma, os shows poderão ocorrer “em locais que não atrapalhem o fluxo do público e não proporcionem experiência desagradável ao usuário”.

Para a concessionária, o festival de música no metrô, que ocorre nesta semana, pode ajudar na elaboração do projeto favorável à apresentação de artistas no metrô. "Com o Red Bull Sounderground, a MetrôRio terá a oportunidade de avaliar quais são os melhores horários e locais para as apresentações."

Com o objetivo de incentivar artistas do Estado, o deputado estadual André Ceciliano (PT) apresentou, na Câmara, o projeto de lei 2958/2014, em 6 de março de 2014. A partir da proposta, músicos, instrumentistas, cantores e poetas poderão se apresentar nos meios de transporte público do Estado, das 10h às 16h, em dias úteis, e das 10h às 18h, nos fins de semana. Porém, os beneficiados pela lei deverão se cadastrar nas concessionárias dos serviços. Aprovado o projeto legislativo pelo governo, a assessoria de imprensa da MetrôRio diz que vai se adequar às normas da lei. 

Mas Yuri não está satisfeito nem esperançoso com o projeto capaz de autorizar manifestações artísticas em locais fechados, sem represálias. Sem saber qual será o critério de concessão de cadastro, segue de vagão em vagão, como mambembe (assista ao vídeo abaixo).

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Colaborou Hugo Pernet, do R7 Rio

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