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Rio teve oito carros roubados por hora em 2017

Estado teve mais de 70 mil veículos roubados ou furtados ano passado; fiscalização em desmanches foi suspensa após mudança na legislação

Rio de Janeiro|Jaqueline Suarez, do R7

Desmanches são destino final para grande parte dos automóveis roubados
Desmanches são destino final para grande parte dos automóveis roubados Desmanches são destino final para grande parte dos automóveis roubados

Quase oito carros foram roubados ou furtados por hora no Estado do Rio no ano passado. Ao todo, foram mais de 70 mil veículos, o maior número registrado desde 2003 pelo ISP (Instituto de Segurança Pública). Na contramão, a fiscalização de ferros-velhos, destino final para maior parte dos automóveis roubados, parou de ser feita no ano passado.

Um dos 70 mil veículos era de Washington Rodrigues, de 42 anos, prestador de serviço da Denfensoria Pública. Ele teve seu carro furtado na madrugada do dia 12 de dezembro, próximo à avenida do Exército, em São Cristóvão, zona norte da cidade. Todos os dias, ele estacionava o veículo na rua ao lado do prédio onde mora e, pela manhã, o retirava para ir trabalhar. Até que um dia seu automóvel sumiu.

Naquele momento, começava uma maratona em busca do carro que ele sequer havia terminado de pagar.

— Eu voltei para casa e vi pelo rastreador que ele estava em Nova Iguaçu, rodando por lá. Eles roubaram o carro ali em São Cristóvão, pelo rastreador, por volta de 1h50. Depois pararam em frente à Barreira do Vasco, perto do estádio de São Januário. O GPS mostra que eles ficaram ali entre as 2h e 4h30. A partir desse horário começaram a se movimentar com destino à Baixada Fluminense — recordou.

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A última parada indicada pelo GPS é o bairro Ponto Chique, em Nova Iguaçu. Para o motorista, os criminosos retiraram o rastreador para impedir a localização do automóvel.

Carro furtado foi levado para a Baixada Fluminense
Carro furtado foi levado para a Baixada Fluminense Carro furtado foi levado para a Baixada Fluminense

— Eu fui lá, rodei tudo. Fui com os policiais civis, vimos várias carcaças de carros, mas não conseguimos localizar o meu. Acho que nesse tempo que eles ficaram parados em São Januário, devem ter tirado o rastreador do carro, tirado tudo o que podiam tirar para fugir sem chamar atenção — disse Washington.

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Além de perder o meio de transporte, ele perdeu também sua fonte extra de renda. Aos finais de semana, ele trabalhava como motorista particular por aplicativo. O carro roubado, apesar do seguro, era financiado e, por isso, o motorista não teve o veículo de volta. Apenas as parcelas pendentes foram quitadas pela seguradora.

— Eu liguei para a seguradora e eles disseram que fariam os procedimentos para poder localizar o carro. Instruíram-me a entrar em contato com a policia para fazer o boletim de ocorrência e ligar para o 190 para iniciarem as buscas. Eu fiz isso, só que no dia em que fui à delegacia, o sistema da polícia estava fora do ar, meu B.O. só foi entrar no sistema uns dois dias depois do furto — contou o motorista. 

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O registro de ocorrência foi feito na Delegacia de São Cristóvão (17ª DP). Por vários dias o rastreador do veículo apontou o bairro Ponto Chique, em Nova Iguaçu, como localização do Siena 2014 furtado em São Cristóvão. Buscas foram realizadas, mas o automóvel não foi encontrado.

— Eu não rodava, não trabalhava à noite por medo. A gente precisa sair de casa já preparado para a insegurança na rua.

Sem fiscalização

Em comparação com o ano passado, o volume de automóveis furtados ou roubados cresceu 16,6%, saltando de 58.455 para 70.075 casos. A maior parte destes crimes foi registrada na cidade do Rio (32.734 ocorrências), seguida da Baixada Fluminense (20.802 ocorrências).

Na capital, a região patrulhada pelo Batalhão de Irajá (41º BPM) lidera os registros, com quase cinco mil carros roubados. Porém, considerando todo o Estado, a liderança fica com o Batalhão de São Gonçalo (7º BPM), na região metropolitana, com mais de 6.000 ocorrências.

O mapeamento dos locais de maior incidência deste tipo de crime é considerado, pela Secretaria Estadual de Segurança do Rio, vital para o planejamento operacional das polícias.

A pasta também informou que ano passado solicitou ao Detran (Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro) um convênio com a Polícia Civil, para que a DRFA (Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis) volte a atuar na fiscalização de desmanches, principal destino de automóveis roubados

Até ano passado, essa responsabilidade era da Secretaria de Segurança, porém devido a uma mudança na legislação federal, a atribuição passou a ser do Departamento de Trânsito. Entretanto, a falta de plano de atuação impede que a fiscalização seja realizada. Para iniciar as operações é necessária a contratação de um operador para controlar o sistema e a aprovação de uma portaria, que confere responsabilidades ao Detran e aos demais órgãos envolvidos, como a polícia e os bombeiros, por exemplo.

Sem conseguir cumprir com as exigências, as fiscalizações nos ferros-velhos do Estado do Rio não são feitas desde o ano passado, quando a lei (12.977/Resolução 611) foi aprovada. O Detran alega que esta não é uma realidade exclusiva do Rio de Janeiro.

“Esta é uma nova realidade, que não fazia parte do dia a dia dos departamentos de trânsito, e todos os Detrans do país estão procurando se adequar a ela por não terem essa expertise”, informou em nota.

Segundo o Detran, entre as exigências previstas está “o controle de origem e comercialização das autopeças daqueles estabelecimentos, com etiquetagem, cadastro, fotografia e exposição para venda em portal a ser criado, e emissão de nota fiscal eletrônica para identificação das transações de venda”.

O Departamento informou ainda que “tão logo seja contratado esse operador, será publicada uma portaria atribuindo responsabilidades aos diversos órgãos estaduais que apoiarão o Detran” na execução de “funções estranhas à natureza do Detran, para as quais o departamento se adaptará com o auxílio daqueles órgãos”.

*Sob supervisão de PH Rosa

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