A ocupação da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) entrou no segundo dia nesta quarta-feira (2). Os alunos decretaram greve estudantil após assembleia na tarde de ontem (1º). O movimento reivindica o pagamento do salário dos funcionários terceirizados e das bolsas dos estudantes cotistas e dos residentes. Na página do Facebook Ocupa Uerj, uma nota afirma que os estudantes decidiram na assembleia ocupar outros espaços da universidade, como o Hospital Pedro Ernesto e o corredor da reitoria. O grupo também deve participar de uma manifestação na quinta-feira (3), saindo da Candelária para a Secretaria de Fazenda.
Os manifestantes estão acampados desde a madrugada de ontem no pavilhão principal da universidade, o João Lira Filho, e defendem o retorno das aulas apenas com o pagamento dos salários atrasados de terceirizados e da bolsa dos alunos cotistas. Alunos do campus de São Gonçalo, região metropolitana do Rio, também protestam. Os atrasos fizeram a Uerj suspender as aulas desde o dia 24 por causa da insalubridade do local que, segundo a reitoria, afeta a segurança das pessoas e do patrimônio.
O aluno de ciências econômicas Marlon Cecílio de Souza, de 21 anos, disse que alguns dos estudantes que não receberam a bolsa não têm condições de pagar a passagem e a alimentação necessária para estudar.
— Nós, alunos da Uerj, acreditamos que não há como terem atividades acadêmicas sem as condições necessárias. O intuito é que as aulas continuem suspensas até conseguirmos o que queremos.
Os estudantes informaram que, desde a ocupação, ainda não houve conversa entre os estudantes e a universidade. A Uerj não se pronunciou sobre o caso e informou que, quando for fazê-lo, será por meio de sua página na internet.
Segundo a Secretaria de Fazenda do Estado, as empresas terceirizadas — responsáveis por serviços como os de limpeza — foram pagas nesta segunda (30). O valor é de R$ 166 milhões. Desse total, R$ 87 milhões se referem aos pagamentos que seriam efetuados no dia 17 de novembro e estavam atrasados. Outros R$ 79 milhões referem-se a pagamentos do próprio dia 30. Entre os fornecedores que receberam pagamentos, estão os da Uerj, para os quais foram destinados R$ 8 milhões.
Há duas semanas, o pagamento de bolsistas, residentes e de terceirizados da universidade foi suspenso pela Secretaria de Estado de Fazenda por falta de caixa. O motivo, segundo o governo do Estado, é que o pagamento de servidores ativos e inativos não seja afetado.
Estudantes e médicos residentes da Uerj também fizeram um protesto no começo da tarde de terça-feira em frente à universidade na rua São Francisco Xavier. Com cartazes, “Não é culpa da crise” e “Luiz Fernando, não PISE na nossa educação”, em referência ao nome do governador Pezão, os estudantes cobravam do governo o pagamento dos funcionários terceirizados de limpeza, das bolsas de residência dos médicos e das bolsas de assistência dos estudantes. Durante a manifestação, os estudantes cantavam: "Olê, olê, olê, olá. Se o Pezão não nos pagar, a Uerj vai parar".
Em nota divulgada em página do Facebook, os estudantes divulgaram a seguinte lista de reivindicações:
— Pagamento dos salários das terceirizadas e das bolsas de estudantes e residentes, incluindo os meses de atraso.
— Criação do passe livre intermodal e intermunicipal para estudantes
— Fim da reavaliação de condição socioeconômica dos cotistas
— Abertura dos livros caixa da Universidade para esclarecer a crise
— Maior estrutura para mães e filhos dentro da universidade
— Investimento de 6% do orçamento do Estado nas universidades estaduais
— Aumento o valor das bolsas, deixando-as equivalentes ao salário mínimo