Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Apreensão de drogas em Cumbica sobe 71% nos últimos 5 anos

Volume de drogas aumentou no período 2010-2014 ante período 2005-2009

São Paulo|Diego Junqueira, do R7

Os aparelhos de raio-x ainda são o principal aliado da polícia na apreensão de drogas
Os aparelhos de raio-x ainda são o principal aliado da polícia na apreensão de drogas Os aparelhos de raio-x ainda são o principal aliado da polícia na apreensão de drogas

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, nunca viu um volume tão grande de drogas apreendidas como nos últimos cinco anos. A quantidade de entorpecentes apreendidos pela Polícia Federal no período 2010-2014 foi 71% maior na comparação com os cinco anos anteriores.

Entre 2005 e 2009, o volume apreendido foi de 4.364 kg, com média anual abaixo de 1 tonelada (872 kg). Já nos cinco anos seguintes, entre 2010 e 2014, a quantidade apreendida totalizou 7.480 kg — média anual de 1,5 tonelada.

Definido pela Polícia Federal como o aeroporto que mais apreende drogas no mundo, Cumbica fechou 2014 com o segundo recorde em apreensões, com 1.539 kg — perdendo apenas para 2010, com 1.728 kg.

Essas quantidades se referem a todas as drogas que entram ou saem do aeroporto pela ação das “mulas” (pessoas contratadas pelo tráfico para o transporte de drogas).

Publicidade

Segundo o delegado da PF Rodrigo Weber, chefe em exercício de combate a entorpecentes no aeroporto, o aumento se deve à melhoria na fiscalização, em decorrência da integração tecnológica, do uso de informações de inteligência e da capacitação profissional.

— Durante o período mencionado, houve a implantação de uma Unidade de Inteligência no Aeroporto de Guarulhos, bem como uma integração entre sistemas, permitindo que houvesse um trabalho de repressão a ilícitos, especialmente a drogas, mais focado.

Publicidade

Weber destaca ainda a implantação do projeto Intercops, em novembro passado, “que visa o intercâmbio de boas práticas entre corporações policiais de diferentes países e que já vem apresentando resultados”.

O aumento de voos internacionais na década passada também foi decisivo para a atração dos traficantes, diz o delegado.

Publicidade

— Desde 2005, várias companhias áreas passaram a operar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com aumento do número de rotas internacionais, consolidando o aeroporto como grande hub da América do Sul.

O principal entorpecente que passa por Cumbica é a cocaína, que já consolidou seus caminhos pelo Brasil até chegar à Europa, África e Ásia.

Produzida principalmente nos vizinhos Colômbia, Peru e Bolívia, segundo a PF, a droga transita pelo território brasileiro por vias terrestres, aéreas ou fluviais, deixando o País por aeroportos ou pelo litoral.

Além da cocaína, passam por Guarulhos ecstasy, metanfetamina e LSD (vindos da Europa e da Ásia), além de pequenas quantidades de maconha e haxixe.

“Mulas”

Com o aumento do volume apreendido, o número de prisões em flagrante também subiu. Segundo a Polícia Federal, foram 1.647 detenções entre 2010 e 2014, ante 1.226 nos cinco anos anteriores — alta de 34%.

Principal alvo da PF nos aeroportos brasileiros, as “mulas” são geralmente pessoas pobres, contratadas por traficantes maiores, em uma longa cadeia de intermediários que atuam no tráfico internacional de drogas, segundo explica a socióloga Camila Nunes Dias.

— O tráfico internacional de drogas tem vários circuitos e utiliza várias formas de transporte. Uma delas são as “mulas”. São em geral pessoas pobres e que correm grande risco de vida, porque muitas vezes ingerem as drogas para transportar para outros países.

Segundo Camila, que é professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) e pesquisadora colaboradora no NEV-USP (Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo), geralmente quem é pego nessas ações policiais são as pessoas que estão “na ponta desse comércio”.

— Você tem algumas operações que atingem as organizações, as estruturas, mas elas não são, sobretudo no Brasil, as formas principais de combate [ao tráfico internacional].

Para o delegado Weber, “as prisões não são suficientes para inibir o tráfico, mas tão somente para alterar rotas e eventualmente aeroportos de saída, como observado pela análise dos dados estatísticos”.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.