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“Aquelas pessoas eram trabalhadoras”, diz pai de vítima de chacina do Pavilhão 9

Familiares organizam manifestação para esta segunda e pedem esclarecimentos do caso

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Chacina deixou oito mortos na sede de torcida organizada
Chacina deixou oito mortos na sede de torcida organizada Chacina deixou oito mortos na sede de torcida organizada

Parentes e amigos das oito vítimas da chacina ocorrida na sede da Pavilhão 9, torcida organizada do Corinthians, estão se reunindo em uma grande corrente para que o caso não caia no esquecimento da sociedade e que todos os envolvidos no crime sejam punidos. O crime aconteceu em abril deste ano.

Para isso, foi marcada uma manifestação nesta segunda-feira (6), às 17h, na Ponte dos Remédios. Até às 11h30, mais de 400 pessoas já tinham confirmado presença no evento do Facebook.

Fernando* é pai de uma das vítimas e diz que a manifestação serve para mostrar para as pessoas que “nem todo mundo era bandido” dentro da quadra.

— Queria mudar essa imagem que ficou. Nem todo mundo da torcida é bandido. Aquelas pessoas eram trabalhadoras.

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Ele também afirma que, mesmo em casos de supostos criminosos no local, eles deveriam ser presos e julgados da maneira como a lei prevê.

— É para a justiça que ele tem que pagar, não com a vida.

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Muito emocionado, o pai relembra das atividades do filho que “estudava, trabalhava e era um atleta”. Ele afirma que, só quando algo assim acontece com alguém da família que “a gente consegue enxergar com outros olhos”.

— Eu perdi um filho de 19 anos. Mas, do jeito que vai, muitas outras crianças vão morrer. Eu, como pai, sinto pelas mães [das vítimas].

Fernando diz que, chamando a atenção para o caso mais uma vez, pode ser possível encontrar o terceiro envolvido no crime. Assim como os outros dois que já foram presos, o terceiro suspeito também seria um policial militar. O pai da vítima tem medo, inclusive, de ser a próxima vítima.

— Quem é essa pessoa? Por que [fez isso]? Onde está? Quem garante que não possa cometer outros crimes?

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Ele conta que as pessoas estavam “se divertindo” no local, mas que a torcida organizada é sempre muito marginalizada e que isso traz também preconceitos raciais.

— Nesse momento, a gente quer que a sociedade fique a nosso favor. Dá a impressão que os bandidos eram eles. E eles não eram isso. Foi pai, foi filho, foram jovens trabalhadores, meu filho era estudante.

Policiais

Um policial militar e um ex-PM suspeitos de participação na chacina foram detidos em maio, em São Paulo. O pai do jovem morto diz que os envolvidos no crime eram pessoas que “deveriam estar nos protegendo”.

— Ninguém entra em um lugar, mata oito pessoas e sai assim. Isso vai ser normal? Está clara de como foi feita a coisa.

Fernando diz, ainda, que muitas vezes fica “revoltado” pensando em tudo o que pode ter acontecido, mas que são sensações que “vão se misturando”.

— Nós não estamos no Estado Islâmico. Eles [policiais suspeitos] acham que eles são a lei.

* O nome é fictício para proteger a identidade do entrevistado.

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