Familiares do secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, foram beneficiados com a mudança na rota de uma ciclovia na zona sul da cidade, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) teria abandonado o projeto de uma ciclovia em linha reta por outra com desvios, dois quarteirões abaixo, na rua Alexandre Dumas, no bairro Santo Amaro.
Com a mudança, cinco imóveis de sobrinhos e irmãos do secretário teriam ficado com a frente liberada para estacionamento de carros. Nos imóveis funcionam um bar, uma empresa de serviços administrativos, dois escritórios de contabilidade e um de certificação digital. Tatto acumula o cargo de presidente da CET, órgão responsável pela implantação das ciclovias.
Ainda de acordo coma Folha, o projeto original, elaborado pela empresa TC Urbes, previa uma ciclovia de 2 km. Já a nova rota ganhou 400 metros a mais, além de quatro curvas e quatro travessias, que obrigam o ciclista a um zigue-zague entre carros.
O fundador da TC Urbes, Ricardo Corrêa, afirmou ao jornal ter demorado anos para projetar 123 km de ciclovias em Santo Amaro e parte do projeto teria sido descartado pela prefeitura. Para ele, a ciclovia da rua Alexandre Dumas é um erro.
— Tem desperdício de dinheiro, para asfaltar a rua, e de energia do ciclista, que pedala mais.
Procurada, a prefeitura disse repudiar "qualquer insinuação" de que a rota da ciclovia implantada na zona sul de São Paulo "atenda interesses privados ou familiares de qualquer autoridade".
O trajeto demarcado pela CET em 2014, diz a gestão, levou em consideração principalmente "a conexão com outros meios de transporte".
A prefeitura diz ainda que a rede cicloviária foi apresentada publicamente em reuniões do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito e do Conselho do Fundo Especial do Meio Ambiente e que todas "tiveram a participação de membros do governo municipal e sociedade civil".
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