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Com medo de abuso, motoristas e passageiras usam apps femininos

Há duas semanas, a escritora relatou ter sido atacada por motorista

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Maria Piti, do Lady Driver
Maria Piti, do Lady Driver Maria Piti, do Lady Driver

O medo de abusos tem feito mulheres de São Paulo apelarem para aplicativos de carona em que apenas elas prestam o serviço. Lady Driver, Femitaxi e Venuxx são apps semelhantes ao Uber criados recentemente para atender tanto pilotas como passageiras.

A motorista Maria Piti, por exemplo, escolheu fazer corridas pelo Lady Driver — aplicativo de carona destinado para mulheres — e para pessoas conhecidas. Ela conta que já se habilitou para um outro app que também aceita homens, mas que ainda não teve coragem de começar.

— Eu estava procurando opções de trabalho que me desse mais liberdade. Meu namorado mora em Florianópolis e queria poder ir mais para lá. Brincava que ia virar Uber e afins [para poder ter o horário flexível], mas eu tinha um pouco de receio de pegar homens. Conheci o Lady e resolvi pedir demissão e tentar.

O R7 testou os três aplicativos no período da manhã e verificou que, ao menos na região central, o tempo de espera por carros não passava de 10 minutos.

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Depois de a escritora Clara Averbuck relatar um abuso sexual que sofreu de um motorista do Uber, várias mulheres começaram a usar as redes sociais para desabafar sobre casos semelhantes com a hashtag #meumotoristaabusador.

A passageira Nina Lemos é uma delas. Ela descreveu um caso que teria sofrido fora de São Paulo.

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— Assim que eu entrei, ele disse que eu era uma "quarentona gostosa".

O motorista acrescentou ainda, segundo ela, outros comentários invasivos. A mulher relata que ele não mudava de assunto e que chegou a perguntar se ela “fumava um”. Para fugir do assunto, ela chegou a inventar que era casada com um advogado e tinha dois filhos.

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— Tive medo de que ele ficasse agressivo e, por isso, tentei ser simpática. Não anotei a placa, nem tinha como fazer BO. Tive um ataque de pânico, liguei para uma amiga chorando e não lembro como voltei para casa. Essa foi a pior vez. A que, realmente, achei que seria estuprada. Mas já senti medo em táxi várias vezes.

A motorista Maria afirma que já conversou com várias passageiras sobre o assunto e diz que esse é o maior receio delas.

— Pelo menos metade das mulheres que eu peguei tem alguma história para contar. Pode ser apenas uma cantada ou coisas mais invasivas. Percebo que é um medo crescente entre nós. Torço muito para que mais mulheres virem motoristas e mais mulheres conheçam essas alternativas de transporte exclusivo para nós.

Ela mesma diz que já passou por casos de assédio na rua. “Desde fiu-fiu até o cara parar o carro dizendo para eu ir com ele”, relata. Maria diz que o episódio que mais a abalou ocorreu durante um assalto. Na ocasião, o criminoso fez insinuações fortes.

— Entrei em pânico. Depois desse dia, sempre saía na rua pensando que, se algum cara chegasse perto, eu ia bater nele. E sempre fui muito da paz e comecei e pensar de forma agressiva. É muito ruim essa sensação.

O R7 questionou o Uber e o Cabify para saber se as empresas têm projetos de possibilitar aos clientes a escolha de motoristas mulheres. A 99 Táxi possui essa ferramenta.

O Uber não se posicionou e o Cabify disse, por meio de nota, que "acredita que todos têm o direito de ir e vir em um ambiente seguro e repudia qualquer tipo de violência em relação aos passageiros e motoristas parceiros. A Cabify solicita que usuários e motoristas parceiros reportem qualquer situação que considerem atípicas para realizar as ações cabíveis, inclusive a suspensão e bloqueio do usuário ou do motorista parceiro. Além disso, a empresa está à disposição das autoridades locais no sentido de auxiliar em eventuais investigações".

Ainda em nota, a empresa disse que "para o suporte aos usuários e motoristas parceiros, a Cabify conta com um serviço de atendimento 24 horas nos 7 dias por semana por meio do app. No caso dos motoristas, é também oferecido uma central telefônica".

Então, a Cabify finaliza dizendo que "é uma plataforma especializada em mobilidade urbana, que tem como uma de suas principais políticas a garantia da qualidade e segurança do serviço prestado aos usuários. Para assegurar essas premissas, a Cabify realiza um processo rigoroso para o cadastramento de motoristas parceiros, que inclui a verificação de documentos como a certidão de antecedentes criminais atualizada no âmbito estadual e federal, além de realizar conferência presencial de documentos e exame toxicológico. A empresa faz ainda palestras informativas presenciais com dicas de atendimento de qualidade e de segurança".

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