Um trabalhador boliviano viveu momentos de pânico durante um assalto em São Paulo. Ele foi espancado e esfaqueado porque tinha pouco dinheiro. Esse foi o terceiro ataque a um imigrante boliviano em três semanas. A comunidade está em alerta e amedrontada.
A vítima, Rene Paye, conta que foram cinco facadas e uma sessão de espancamento.
— Eles [criminosos] me bateram, eu levantei e eles bateram de novo. Daí um deles trouxe uma faca que estava na cozinha. Com essa faca me esfaqueou. Foi aí que entraram três, me chutaram. Eram chutes, tapas, pontapés.
Há seis anos Paye deixou a Bolívia para trabalhar no brasil. Ele enfrenta longas jornadas em uma oficina de costura.
— A gente não é feliz. Ainda mais com essas coisas que estão acontecendo, assalto. Traz mais preocupações, né?
O caso aconteceu na semana passada. Eram 22h30 quando o Renê chegou em casa. Ele estava sozinho e dirigia um carro. A vítima já estava dentro da garagem, quando seguiu em direção à rua para fechar o portão. Foi nesse momento que ele foi abordado por um dos criminosos que anunciou o assalto.
Renê foi levado às pressas para dentro de casa. E outros quatro assaltantes entraram. Um deles permaneceu na garagem do lado de fora de vigia.
Ao dizer que só tinha R$ 150 na carteira, o boliviano foi brutalmente agredido. Os bandidos queriam ainda a chave do veículo que estava do lado de fora da garagem. Muito nervoso, Renê conta que não conseguiu encontrar a chave e então foi colocado de joelhos e esfaqueado.
Outros doze bolivianos moram e trabalham no local, mas com medo, nenhum deles apareceu para ajudar. Renê foi socorrido por policiais que chegaram depois da fuga dos bandidos.
Violência contra bolivianos
Nas três últimas semanas, houve pelo menos mais dois ataques a bolivianos em São Paulo. Na zona leste, três assaltantes invadiram a casa onde vivem e trabalham seis bolivianos de uma mesma família. Um deles foi esfaqueado três vezes.
No segundo caso, mais violência e covardia. Jimmy Apasa foi a vítima e também foi atacado em casa.
— Os caras já entraram, todos truculentos, bateram na gente, machucaram pra valer. Um dos meus primos foi esfaqueado, o outro levou coronhada, a minha irmã e minha cunhada levaram chutes. Quase também bateram nas crianças e a gente não pode fazer a denúncia porque eles acham que eles vão voltar e matar a gente.
Mas o cônsul-geral da Bolívia em São Paulo alerta: é preciso comunicar os assaltos.
— Nós recomendamos a toda comunidade boliviana denunciem, façam seu boletim de ocorrência porque pode se fazer por internet. (...) Nós temos recebido muitas queixas aqui no consulado e os outros que não foram colocados publicamente ao caso, né? Então essa é uma grande preocupação.
Hoje os bolivianos formam a maior comunidade estrangeira do Estado de São Paulo. São 350 mil imigrantes só na capital.
Assista ao vídeo: