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Estudantes acusam professor de racismo em aula na Cásper Líbero

Depois da aula, alunos foram conversar com o professor que teria debochado da reclamação e ainda teria afirmado que "não existe racismo no Brasil"

São Paulo|Do R7

Faculdade Cásper Líbero na avenida Paulista, em São Paulo
Faculdade Cásper Líbero na avenida Paulista, em São Paulo Faculdade Cásper Líbero na avenida Paulista, em São Paulo

Um professor da Faculdade Cásper Líbero é acusado por estudantes da instituição de ter feito comentários racistas durante uma aula do curso de Publicidade e Propaganda. Segundo os relatos, uma aluna negra se sentiu ofendida com as palavras ditas pelo docente e foi conversar com ele. O professor teria debochado da reclamação e afirmado que "não existe racismo no Brasil", além de ter tentado tocar no cabelo dela.

O fato aconteceu no dia 22 de março e foi divulgado nesta terça-feira (17) pelo Coletivo AfriCásper, formado por estudantes negras da faculdade. A Cásper Líbero informou, em nota, que está em contato com os envolvidos para a "definição do caso".

Segundo publicou o AfriCásper em sua página no Facebook, o docente afirmou aos alunos que, quando foi à Croácia fazer uma especialização, as pessoas acharam que ele fosse mulato por ser brasileiro e ficaram desapontadas ao saber que era, nas palavras atribuídas a ele, "normal".

Ainda de acordo com o relato da aluna ao coletivo, o professor olhou um álbum de figurinhas da Copa do Mundo e se surpreendeu ao descobrir que a seleção nigeriana tem um jogador branco - o zagueiro Leon Balogun, filho de mãe alemã e pai nigeriano. "Eu achei que só tivesse preto na Nigéria", afirmou, segundo o AfriCásper. Em seguida, o docente questionou o cabelo de um atleta negro. "Como que ele penteia esse cabelo? Isso aí deve ser um ninho."

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Após a aula, a estudante e três colegas foram conversar com o professor para explicar que os comentários dele foram ofensivos. Segundo o coletivo, ele disse que não se lembrava do que havia falado. Os alunos, então, relembraram o ocorrido, mas o docente alegou que sua fala foi interpretada de maneira equivocada.

"Além das frases já ditas que relativizam o preconceito e racismo demonstrado por ele, a conversa, ainda por cima, seguiu em tom de deboche por parte do educador", escreveu o AfriCásper.

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Ainda segundo o coletivo, o professor afirmou aos alunos que não há racismo no Brasil em 2018, "com o pretexto de que 'a Faculdade Cásper Líbero tem muitos alunos negros e conta com alguns professores negros também'".

Depois que os estudantes saíram da sala, o professor foi conversar com a aluna negra. Ela disse que ele deveria dar o exemplo e tomar cuidado com o que fala. De acordo com o AfriCásper, o docente afirmou que gostaria de fazer algo que sempre desejou: "Tocar no cabelo de um negro". O professor tentou encostar no cabelo da estudante, mas ela se esquivou.

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O Coletivo AfriCásper afirmou que repudia "qualquer tipo de racismo e injúria racial dentro ou fora da Fundação Cásper Líbero" e que entrou em contato com as autoridades competentes para denunciar o caso.

O CAVH (Centro Acadêmico Vladimir Herzog) também repudiou a ocorrência e afirmou prestar apoio à estudante e ao coletivo.

Em nota, a Cásper Líbero afirmou ser contra qualquer atitude de conotação discriminatória e preconceituosa, "seja ela no espaço público ou privado". "A Faculdade Cásper Líbero ressalta que, durante todo o ano letivo, realiza e auxilia na promoção de eventos que visam contribuir na relação entre pessoas e, sobretudo, construir algo melhor."

O professor envolvido no caso não foi localizado para se manifestar sobre o ocorrido.

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