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Mãe que acorrentou filha viciada em crack teme represálias em Sorocaba

Mulher foi denunciada e menina foi levada para um abrigo pelo Conselho Tutelar

São Paulo|

Mãe alega que prendeu filha para evitar que ela usasse drogas
Mãe alega que prendeu filha para evitar que ela usasse drogas Mãe alega que prendeu filha para evitar que ela usasse drogas

A auxiliar de cozinha Solange Bueno dos Santos, de 43 anos, que manteve a filha de 17 anos acorrentada durante 43 dias para impedir que usasse crack está com medo de sofrer represálias de traficantes do bairro onde mora, a Vila Nova Esperança, zona oeste de Sorocaba, interior de São Paulo. Segundo a sobrinha de Solange, Jocimara Toste Bueno da Silva, de 19 anos, a mulher ouviu ameaças depois que os conselheiros tutelares e agentes da Guarda Civil Municipal estiveram na casa dela, na noite da terça-feira (13) e levaram a garota para um abrigo. 

— Tem gente ruim, que quer o mal dela. Alguém que fez a denúncia para os homens virem aqui agora fala coisas. É uma injustiça o que estão fazendo com minha tia. 

Solange usou uma corrente com cadeado para prender a filha pelo tornozelo, atando a outra ponta ao pé de um pesado guarda-roupa, no quarto da casa. Ela justificou o ato alegando que a filha saía para a rua para se drogar e estava devendo dinheiro para os traficantes, que já a teriam ameaçado de morte. Nesta quinta-feira (15), Solange saiu de casa muito cedo e, segundo os parentes, não avisou para onde iria.

— Ela está assustada, não quer falar com ninguém. 

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Embora negue que a prima fosse viciada em crack, Jocimara defendeu a atitude da tia.

— No lugar dela eu faria a mesma coisa. Foi melhor segurar ela em casa do que deixar que acontecesse coisa pior.

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Conforme a versão de Jocimara, a adolescente se tratava de "um problema na cabeça" e tinha surtos, por isso tomava remédios fortes.

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— Quando dava o surto, ela ficava violenta e quebrava tudo. Minha tia foi atrás de tratamento para ela, chegou a levar para o Caps (Centro de Atenção Psicossocial, que atende dependentes químicos), mas ninguém deu apoio. Ela cansou de ir atrás, aí resolveu fazer isso aí. Foi por amor, ela adora a filha.

Ainda segundo a parente, a prima não ficava acorrentada o tempo todo.

— Minha tia só prendia quando precisava sair para trabalhar e quando ela estava muito agitada. Ela não está arrependida do que fez, só está assustada por ter sido denunciada como se fosse um bandido. Minha tia está muito triste sem a filha, mas espera que cuidem dela. Ela chorou a noite toda.

Um dos três irmãos da adolescente, N.B.S., de 16 anos, confirmou que a jovem era viciada em crack e não conseguia controlar o vício.

— Ela parou com os estudos no ano passado por causa disso. Não tinha condições nem de ir para a escola, no bairro vizinho. Queria ficar na rua, só na droga. Se alguém fizesse alguma coisa, ela brigava, batia ou batiam nela.

Ele e outros dois irmãos evitavam ficar na casa da mãe por causa dos surtos da garota.

— Ela não sabia o que estava fazendo, então não tinha outro jeito senão aquilo (acorrentar).

A família mora numa viela do Nova Esperança, um dos bairros mais violentos da cidade, dominado pelo tráfico. Na rua em que fica a entrada da viela funcionam conhecidas "biqueiras" — pontos de venda de drogas. Vizinhos e moradores próximos negam-se a comentar o caso da adolescente acorrentada. Quando a reportagem estava no local, homens passaram várias vezes de moto pela rua, acelerando os motores.

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