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Mulher desfigurada: fotos omitidas por peritos indicam que pele de Geralda foi comida por animais, diz polícia

Outros erros cometidos pela perícia também teriam dificultado a investigação do caso

São Paulo|Lumi Zúnica, especial para R7

Familiares estranharam a rapidez com que o corpo foi liberado
Familiares estranharam a rapidez com que o corpo foi liberado Familiares estranharam a rapidez com que o corpo foi liberado

A Polícia Civil aponta uma série erros que teriam sido cometidos pelos peritos na investigação da morte de Geralda Guabiraba, encontrada sem a pele do rosto e sem os olhos em janeiro de 2012 em Mairiporã, na Grande São Paulo. Um deles diz respeito à demora da anexação de 32 fotos ao processo, o que teria atrapalhado o trabalho da polícia.

O inquérito, concluído recentemente, aponta que Geralda cometeu suicídio. Mas os investigadores acreditaram por muito tempo que poderia se tratar de um homicídio. As fotos, diversas vezes solicitadas pela polícia, foram retidas no Instituto de Criminalísticade Guarulhos. Só em 2014, dois anos após a morte, elas foram entregues ao DHPP (Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa) por pressão do delegado. Essas fotos mostram marcas de patas nas roupas de Geralda e de mordidas na pele, conforme relata a polícia.

Em relação ao médico legista, as roupas da vítima não foram recolhidas, o que é apontado como falha grave na opinião de três especialistas. Marcas de patas, pelos e outros vestígios de animais nas roupas teriam ajudado a esclarecer o caso quase que de imediato, conforme relata Rosangela Monteiro, na época diretora do Núcleo de Perícias e Crimes Contra a Vida do Instituto de Criminalística de SP.

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O laudo necroscópico apontou como causa da morte “esgorjamento”, ou seja, um corte no pescoço produzido por instrumento cortante. Neste sentido, Rosangela alerta que marcas deixadas por alguns roedores são muito semelhantes às produzidas por navalhas.

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Essa é também a opinião do entomologista forense e especialista em ação de animais sobre cadáveres, professor Adelino Poli Neto, já falecido, que emitiu parecer afirmando ter absoluta certeza que as lesões foram provocadas pelos roedores “Rattus Norvegicus” e “Didelphis sp” e que teriam provocado as lesões em mais ou menos oito minutos. Acrescentou ainda que as marcas que aparecem nas fotos da roupa de Geralda são sem sombra de dúvidas patas e boca dos animais, e lamenta que as roupas não tenham sido apreendidas. Ele também descarta que cachorros tenham arrancado a pele de Geralda, mas poderiam ter puxado tufos de cabelo.

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Outro erro apontado é o legista não ter analisado a substância encontrada no estômago da vítima por ter descartado previamente a possibilidade de suicídio, mesmo quando exames de sangue deram positivo para consumo de uma mistura do veneno Aldicarb, popularmente conhecido como “Chumbinho”, e o antidepressivo Citalopram. A mesma mistura foi encontrada nos vidros recolhidos pela delegacia de Mairiporã e que tinham sido descartados pelo perito do local.

Liberação do corpo

Familiares que na época acompanharam a liberação do corpo de Geralda Guabiraba no Instituto Médico Legal de Franco da Rocha declararam estranheza pela rapidez com que o corpo foi liberado para sepultamento.

O depoimento de um dos familiares, que é policial civil, chama a atenção pela observação de detalhes que passariam despercebidos para leigos. Ele relata que, ao chegar ao IML, o laudo necroscópico já estava pronto e ficou surpreso pela velocidade recorde em que foi liberado o corpo.

Menciona também que não viu o médico legista no IML e que no local só se encontravam o atendente e o auxiliar de necropsia, sendo este quem mostrou o corpo.

Achou também estranho não ter visto as roupas de Geralda. Mais tarde, soube que elas não foram encaminhadas para a perícia. A mesma reação de estranheza teve ao constatar nos autos da investigação que nenhum objeto do local fora apreendido, além dos diretamente relacionados ao corpo, já que isto é a pratica regular ao se investigar cena de crime.

Outros dois familiares que participaram dos tramites de reconhecimento no IML e que chegaram antes do parente policial manifestaram a mesma surpresa provocada pela rapidez na liberação e corroboram não ter visto o médico legista nas instalações, além de terem sido atendidos pelo mesmo auxiliar de necropsia.

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