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SP deve chegar a 2020 desperdiçando água suficiente para abastecer 7,5 milhões de pessoas

Projeto prevê reduzir de 30 para 26% perda por vazamentos e "gatos" nos próximos 5 anos 

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Programa para combater perdas na rede está orçado em R$ 6,7 bi
Programa para combater perdas na rede está orçado em R$ 6,7 bi Programa para combater perdas na rede está orçado em R$ 6,7 bi

A população de São Paulo nunca se preocupou tanto com a falta de água como nos últimos tempos. Neste domingo (22), Dia Mundial da Água, o debate sobre o futuro desse recurso se torna ainda mais importante. Porém, as expectativas não são otimistas.

Apesar dos investimentos para reduzir perdas na rede, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deve chegar a 2020 desperdiçando água suficiente para abastecer cerca de 7,5 milhões de pessoas.

Destacada por especialistas, a redução de perdas na tubulação da empesa é uma das medidas mais necessárias para combater a crise. Em 2014, 19,5% da água tratada vazava pela tubulação e outros 10,5% não eram pagos à companhia, como o caso de “gatos”, que também caracterizam perda.

Para Marussia Whately, coordenadora do programa Aliança pela Água, do Instituto Socioambiental, a sociedade precisa economizar também, mas deve cobrar dos governantes que acelerem os trabalhos para combater perdas na rede.

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— As pessoas estão gastando menos água. Mas isso tem pouco efeito se na rede da Sabesp vaza água limpa, capaz de abastecer milhões de consumidores. É um tipo de desperdício que precisa ser combatido.

Desde 2009, um programa orçado em R$ 6,7 bilhões está em andamento para reduzir de 30% para 25,9%, até 2020, o índice de perdas na rede — o desperdício há cinco anos era de 32,4%. Cada ponto percentual reduzido equivale ao abastecimento de 300 mil pessoas

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Recentemente, a companhia intensificou o trabalho de fiscalização em busca de estabelecimentos e residências que tenham ligações clandestinas de água. Apesar de não estar sendo jogada fora, a água de graça, normalmente, é consumida sem preocupação, já que não há cobrança por ela.

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Outras medidas

Este mês, a Sabesp divulgou a lista das empresas que têm contrato cujo valor do metro cúbico é menor do que aquele é cobrado da maioria dos clientes. São 539 estabelecimentos, incluindo hospitais, indústrias, bancos, lojas, condomínios, shoppings, entre outros. Marussia sugere que esses contratos sejam revisados e passem a incluir água de reuso, por exemplo.

— Até mesmo bairros onde o consumo é elevado, como Higienópolis e Jardins, não chega perto de um apartamento em Nova York, por exemplo. [...] Boa parte das ações que estão sendo feitas são restrições aos consumidores individuais, mas não miram os contratos de demanda firme.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que quase metade da água que abastece esses grandes consumidores sai do Sistema Cantareira, o que está em situação mais crítica. Antes da crise, quanto mais gastava, menos o imóvel pagava pelo metro cúbico. A Sabesp diz que esses clientes representam 3% da água da Grande SP e que em um ano economizaram 24%. A maioria deles migrou para poços artesianos e caminhões-pipa.

De nada adianta apenas captar água. Uma vez utilizado, esse recurso polui outras fontes de água que poderiam ser utilizadas. O professor do curso de engenharia ambiental e urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Ricardo Moretti ressalta a importância do tratamento de esgoto.

— A Sabesp tem capacidade para tratar 18 m³/s e não trata isso. A companhia cobra por um serviço que não faz e que não traz lucro se fizer. Hoje, o esgoto despejado nos rios Tietê e Pinheiros vai parar na [represa] Billings, que é usada como manancial. Essa água captada passa somente por um tratamento simples.

Consciência individual

O programa de bônus para quem economizar água atingiu 81% dos consumidores em fevereiro, um recorde. A gerente de relacionamento com clientes da Sabesp, Samanta Oliveira, aposta em hábitos de redução de consumo permanentes.

— Ainda tem muito que recuperar. Então, está na hora de guardar essa água que está entrando nas represas até voltar ao patamar que estávamos há alguns anos. Eu acredito que muitas práticas de redução do consumo nos domicílios acabam perdurando, mesmo quando a crise passar.

Segundo ela, entre a década de 1990 e hoje, os domicílios da região metropolitana reduziram o gasto de água ao longo dos anos. Em média, uma casa consumia 16,5 m³ por mês em 2003. Hoje, gasta 11 m³.

Marussia diz acreditar que a crise hídrica trouxe uma mudança de pensamento que será positiva para a população no futuro.

— A gente está longe de sair da crise, mas vamos sair com grandes aprendizados em relação a ela. 

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