Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

“Vamos encher o saco dos governos”, diz líder do MPL

Grupo liderou nesta quinta o 3º ato contra o aumento da tarifa de transporte em SP

São Paulo|Diego Junqueira e Victor Labaki, do R7

Ato reuniu, nesta quinta-feira, manifestantes que são contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo
Ato reuniu, nesta quinta-feira, manifestantes que são contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo Ato reuniu, nesta quinta-feira, manifestantes que são contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo

Um dos porta-vozes do MPL (Movimento Passe Livre), Vitor dos Santos, de 19 anos, fez um chamado aos manifestantes para “resistirem na rua” mesmo diante de agressões da Polícia Militar. O movimento liderou nesta quinta-feira (14) o terceiro ato contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo — que mais uma vez ficou marcado pela violência do corpo militar paulista.

“A gente faz um convite para as pessoas tentarem resistir na rua. É claro que tem que fugir do gás, das balas de borracha, mas se você trombar os seus bróders, tenta reagrupar a manifestação”, declarou o jovem minutos antes de os manifestantes deixarem o largo da Batata rumo à Praça Panamericana — um outro grupo de manifestante saiu do Teatro Municipal rumo à avenida Paulista.

— Tenta resistir na rua, para mostrar pros governos que a gente tá disposto a encher o saco, e a encher o saco mesmo, até que eles acatem as nossas reivindicações.

De acordo com Santos, o MPL avalia o aumento da tarifa como reflexo de políticas públicas colocadas em prática “principalmente agora nesse tempo de crise, que é tirar do bolso da população e engordar o bolso dos empresários, perpetuar o sufoco cotidiano da população para também continuar perpetuando a riqueza desses empresários”.

Publicidade

Além do aumento da tarifa, o fechamento de escolas e postos de saúde também são reflexos dessa política.

Um membro do coletivo Território Livre, grupo que também participa das manifestações, disse que o aumento da tarifa é um agravante da crise econômica.

Publicidade

“O aumento da tarifa é um ataque contra a população, que já está sendo afetada pela crise econômica", disse Marcelo (que não informou o sobrenome), enquanto distribuía cartazes aos manifestantes com a mensagem “3,80 NÃO”.

Jovem atingido por bomba durante protesto pode perder o dedo, diz mãe

Publicidade

Manifestantes denunciam em redes sociais ação violenta da PM

Em junho de 2013, os protestos do MPL foram o estopim das chamadas “jornadas de junho”, quando manifestações ocuparam centenas de cidades brasileiras. Naquela época, os protestos contra a tarifa do transporte em São Paulo se transformaram em um conjunto de protestos variados, com diferentes ideologias.

Para Santos, 2013 “foi uma jornada de lutas” que trouxe “conquistas para a população”, mas “teve suas limitações”.

— O que tá acontecendo hoje em dia são manifestações populares, mas a gente não quer repetir junho de 2013. A gente tem a pretensão de continuar travando disputas com os governos para trazer conquistas sociais que a gente defende. Muitas conquistas sociais não são conquistadas por revoltas populares como as de junho [de 2013]. Agora mesmo, os secundaristas conquistaram o recuo do governo a respeito do fechamento de escolas ocupando escolas. Existem diversas táticas (...), e agora, em janeiro de 2016, a gente está optando justamente por fazer esses grandes atos, por fazer travamentos, por fazer panfletagem.

“Mãos para o alto, 3,80 é um assalto”, diz a placa do estudante de história da Unifesp José Brendo, de 23 anos.

Ele também participou das manifestações dos secundaristas do fim de 2015 — participou de uma roda de conversa com alunos da ocupação da escola Fernão Dias, no bairro de Pinheiros.

— Essas pessoas estão aqui revoltadas pedindo única e exclusivamente melhoras dos seus direitos.

MPL já convocou outro ato para terça-feira
MPL já convocou outro ato para terça-feira MPL já convocou outro ato para terça-feira

Para Brendo, “é extremamente importante que os cidadãos tenham plena consciência que esse aumento vai cair nas costas dos trabalhadores”.

Ele diz que o aumento da tarifa prejudica principalmente a quem vive na periferia. Os estudantes, por exemplo, que passam o mês de janeiro em férias, ficam sem o “passe livre”, como ocorre ao longo do ano. E, com o atual valor da tarifa, afirma Brendo, esses estudantes acabam ficando isolados na periferia.

— Existem estudantes que moram em grandes áreas periféricas e não podem curtir pelo menos as suas férias, andar pelos lugares de lazer da cidade, que ficam só em regiões centrais. Na periferia, qual é a área de lazer que essas pessoas têm? Se você não tem dinheiro pra sair, você fica lá, no seu mundo periférico. É isso o que as pessoas querem? A quem serve a cidade de São Paulo? As cidades servem para quem? Para as pessoas, pros cidadãos, pra todo mundo, pra diversidade dos organismos que existem aqui? Ou serve apenas pro lucro dos grandes empresários? Isso é uma questão que precisa ser colocada aqui. Essas pessoas estão aqui fazendo isso.

Violência

Não foi tão grave como na última terça-feira, mas o protesto desta quinta também terminou em violência. Tanto na estação Butantã do metrô — onde a polícia disparou duas balas de borracha — quanto na estação da Consolação — onde foram usadas bombas de gás lacrimogênio — os alvos eram manifestantes e jornalistas.

Para Vitor dos Santos, do MPL, “a polícia tem motivos ridículos pra reprimir uma manifestação”, como prender pessoas que portam vinagres e magnésia — usados para combater os efeitos do gás lacrimogênio.

Outro integrante do MPL, Matheus Nordon Preis, que participou do ato no centro de São Paulo, afirmou que a ação da polícia na terça-feira foi “absurda”.

— Nunca vi isso na minha vida, a polícia quis praticamente definir o trajeto do ato, tentou proibir que a manifestação se deslocasse no sentido que foi determinado pela organização. A polícia não faz parte do protesto, não está lutando contra a tarifa, ela não pode definir a manifestação. Essa é uma decisão política que cabe às organizações [do ato].

Brendo, que também esteve no ato de terça, diz que “chega a ser nauseante” a violência policial.

— Me recorda as leituras que faço a respeito da ditadura militar de 1964. (…) Nós não tivemos a capacidade de andar, de poder manifestar e de fazer o nosso direito. Nós fomos reprimidos na nossa concentração, isso é ridículo.

No ato desta quinta, o R7 encontrou vários policiais militares sem identificação. Os oficiais retiraram as etiquetas às vistas, enquanto caminhavam ao lado dos manifestantes.

O MPL convocou para a próxima terça-feira (19) o quarto ato contra o aumento da tarifa. Os manifestantes irão se concentrar na esquina das avenidas Rebouças e Faria Lima. O trajeto só deve ser conhecido momentos antes da marcha.

Conheça o R7 Play e assista a todos os programas da Record na íntegra!

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.