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Entenda por que algumas pessoas são incapazes de ver imagens em 3D no cinema

Indivíduos com determinadas condições oftalmológicas podem ter dificuldade para formar imagens de profundidade no cérebro

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Óculos captam a luz em diferentes ângulos para formar imagens em 3D
Óculos captam a luz em diferentes ângulos para formar imagens em 3D Óculos captam a luz em diferentes ângulos para formar imagens em 3D

A estreia de Avatar: O Caminho da Água nesta quinta-feira (15) deve levar milhões de pessoas aos cinemas em busca, principalmente, dos efeitos especiais em 3D. Entretanto, uma parcela da população não conseguirá desfrutrar plenamente essa tecnologia por uma condição que as impossibilita de formar no cérebro esse tipo de imagem. 

Na prática, elas vão pôr os óculos, mas não verão as imagens que saem da tela. Para que isso ocorra, explica a oftalmologista Marcia Ferrari, do H.Olhos, da Vision One, em São Paulo, uma pessoa precisa ter "olhos alinhados e boa visão nos dois olhos", o que é chamado de estereopsia.

Três condições podem dificultar essa harmonia que garante a visão 3D: estrabismo, ambliopia (olho preguiçoso, visão reduzida mesmo com uso de grau) e anisometropia (o erro refrativo é diferente entre os olhos).

Nesses casos, existe a ausência de estereopsia, também chamada pelos médicos pelo termo em inglês stereoblindness.

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Em entrevista à rede de TV americana NBC News, o professor Kenneth J. Ciuffreda, da Faculdade de Optometria da Universidade Estadual de Nova York, afirmou que cerca de 20% da população pode não ter condições de enxergar plenamente em três dimensões — isso não é apenas no cinema, mas esse é um bom exemplo de como a formação das imagens no nosso cérebro funciona.

O ator Johnny Depp, estrela de Piratas do Caribe, é uma das pessoas que têm stereoblindness.

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Embora o diretor de Avatar: O Caminho da Água tivesse a ambição de fazer o filme sem a necessidade do uso de óculos, nesse eles continuam sendo usados — e são essenciais para a formação das imagens.

"A lente polarizada filtra o raio de luz em um determinado sentido. Por exemplo, ela filtra a luz do olho direito no sentido vertical e a luz do olho esquerdo no sentido horizontal. [...] Os óculos potencializam a percepção da terceira dimensão", explica a médica.

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A especialista acrescenta que os filmes em 3D utilizam dois projetores, e a imagem emitida de cada um é captada de forma diferente pelo olho esquerdo e pelo direito, graças aos óculos.

"Cada olho percebe melhor a imagem de um desses projetores e manda uma informação para o cérebro, que faz a fusão das duas. [...] O cérebro, quando forma essa imagem, consegue executar a estereopsia, que é a chamada visão 3D, a visão de profundidade", afirma.

Dessa forma, indivíduos que não conseguem ver 3D no cinema também não veem 3D em momento nenhum. Entretanto, no cotidiano, essa incapacidade não é um impedimento para a realização das tarefas.

"No dia a dia, a visão de profundidade é importante, por exemplo, quando você vai manobrar um carro, fazer uma baliza, quando você está olhando para ver se passa ou não passa naquele espaço. Mas o cérebro da gente também acaba dando um jeitinho. Então, quem não tem a real estereopsia muitas vezes não percebe isso porque o cérebro começa a aprender a usar o contraste, a distância, a diferença de iluminação para dar uma sensação de profundidade", diz Marcia.

A visão de profundidade é algo que se desenvolve ao nascer e até mais ou menos 1,5 ano. 

"Se você tem um desalinhamento dos olhos até os 2 anos, você não desenvolveu a estereopsia. Por mais que você faça uma cirurgia e realinhe os olhos, eles podem ficar perfeitamente alinhados, mas o cérebro não aprendeu a fazer a fusão", complementa a oftalmologista.

Quem for ao cinema assistir a um filme 3D e não tiver a mesma experiência que os demais deve suspeitar dessa condição.

A médica diz que é possível realizar um teste em consultório, com os mesmos óculos e um livro com imagens, para verificar quanto o paciente tem de visão de profundidade.

Em pacientes com estrabismo, já é praxe fazer esse exame. "Nos pacientes com baixa visão em um dos olhos, podemos fazer, mas já sabemos que vai dar alterado", observa.

Mesmo que um médico confirme que você tem stereoblindness, Marcia reitera que esse não será um grande problema para a maioria das pessoas.

"As únicas coisas que você não vai conseguir fazer: ir ao cinema 3D e pilotar um avião, porque a Aeronáutica exige, para tirar o brevê, o teste de estereopsia", conclui.

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