Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Falta de medicamentos em postos de SP vira drama para a população: "Temos direito de receber os remédios"

Público se queixou da situação mas opção pela entrega na rede particular foi criticada

Saúde|Eugenio Goussinsky, do R7

A aposentada Deuzélia não encontrou três medicamentos na UBS
A aposentada Deuzélia não encontrou três medicamentos na UBS A aposentada Deuzélia não encontrou três medicamentos na UBS

Para um jornalista, uma das pautas mais fáceis de serem realizadas é aquela que aborda a falta de medicamentos em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da capital paulista. O segredo é simples: esperar um, dois minutos na porta, disfarçando um pouco para não ser flagrado por seguranças, e logo começam a surgir os primeiros relatos. É impossível não encontrar um personagem que já tenha sofrido com a falta de medicamentos ou, pelo menos, tenha um parente que passou por tal situação.

Por entre a rampa cercada de arbustos da UBS Casa Verde, por exemplo, a aposentada Deuzélia Garrido, 66 anos, aparece com um ar típico de alguém que recebeu algo, mas saiu frustrado. Dos cinco remédios solicitados na receita, ela deixou o local com apenas dois.

Ficaram faltando o prednisona, relacionado a doenças reumáticas, entre outras; o torante (xarope para eliminar secreções) e a inalação com soro, para tratar de uma virose que, segundo ela, o médico da rede pública "achou" que ela havia contraído.

— É terrível sair sem receber o remédio. Os preços dos medicamentos subiram e até os mais acessíveis, com descontos, estão ficando difíceis de serem adquiridos. É tudo uma ilusão.

Publicidade

As queixas se espalham por todas as farmácias da rede pública. Neste anos, já foram constatadas faltas de medicamentos em várias UBSs, como as de Meninópolis, Santana, Parque da Lapa e em postos de saúde. Nesta última, a apostentada Aparecida de Freitas, 68 anos, acumula decepções porque, em muitas ocasiões viu, do balcão, a atendente dizer que algum medicamento não estava disponível.

— É frustrante chegar a um posto à procura de medicação e não encontrar. Temos o direito de receber a medicação. Meu deslocamento é grande, moro perto do Jaguaé e lá por perto não tem, por isso tenho de vir pegar aqui. Às vezes encontro, mas não é raro voltar sem aquilo que preciso.

Publicidade

Outro aposentado, João da Silva Bispo, de 67 anos, estava inconformado com o fato de novamente não ter encontrado um medicamento, o Sevastentina, na UBS Parque da Lapa. É verdade que a unidade reabasteceu seu estoque com alguns medicamentos, como o AAS, por exemplo, e não deixou o senhor João tão "na mão" como em outras ocasiões.

— Temos o direito, pagamos e infelizmente o prefeito não está abastecento a farmácia. Nesta semana recebi alguns remédios, mas não todos. Na semana passada não tinha recebido nenhum.

Publicidade

Rede particular

O gestor Américo Sampaio, sociólogo, da ONG Rede Nova São Paulo, diz já ter detectado onde está o problema: na falta de competitividade daqueles que distribuem o medicamento. Se isso for sanado, o produto estará nas prateleiras das UBSs sem a necessidade, segundo ele, de a prefeitura transferir a entrega para redes de farmácia particulares.

O mesmo pensam os três entrevistados pelo R7. Cada um deles, à sua maneira, reclamou do projeto. Deuzélia, que deixou a UBS da Casa Verde, com poucos comprimidos de azitromicina e paracetamol, disse que tal situação não mudaria caso fosse a uma farmácia convencional.

— Isso não é solução, vai ser uma forma de se desviar dinheiro. Acredito que esses remédios estarão com prazo de validade perto do vencimento, e quando isso acontece precisam ser incinerados. Para evitar o custo da incineração, irão para as farmácias, mas o problema não é resolvido. Só será com a melhoria do atendimento, com a verdadeira preocupação em fazer o medicamento chegar às UBSs e serem entregues a quem necessita.

Entrega de remédio do SUS nas farmácias particulares aumenta a desigualdade, diz especialista

Aline de Freitas vê pelo lado da importância do papel da rede pública neste tipo de iniciativa. Ela ressalta que não se sentiria à vontade em receber um medicamento em uma rede particular de drogarias.

— Preferiria pegar a medicação nas UBSs, é muito mais confiável.

Venda de remédios em farmácia popular terá limites mínimos de idade

João acrescenta que, neste caso, a farmácia não irá encampar a missão da mesma maneira que uma UBS, já que sua principal tarefa não é esta.

— Acho horrível essa ideia, porque você tem de pegar a receita do dia. E só entregam se você fizer um cadastro. Também na farmácia particular às vezes nem tem o remédio. E além disso essas farmácias não têm a responsabilidade pública, são farmácias comuns, sem a missão principal de dar remédios e sim vender.

Conheça o R7 Play e assista a todos os programas da Record na íntegra!

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.