Os pacientes em tratamento de câncer em São Paulo sofrem com a falta de medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Com dores intensas na coluna e o diagnóstico de mieloma múltiplo, o administrador de empresas, Antônio Carlos Zanette, não consegue retirar uma nova caixa do remédio desde o dia 2 de janeiro.
Para conseguir o remédio de graça, Zanette precisou entrar com uma ação judicial e esperou seis meses para receber a primeira caixa da rede pública — já que o medicamento é importado e não consta na lista do SUS. Cada caixa custa R$ 21 mil.
O azulejista Moacir dos Santos vive o mesmo drama do administrador de empresas, Ele já foi submetido a duas cirurgias para remover um câncer agressivo no intestino e precisa de medicação para controlar a doença. O problema é que o remédio oferecido pela rede pública está em falta há dois meses.
— Tenho medo de o tumor começar a crescer novamente.
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Para ajudar a aposentada Marta Almeida, que está em tratamento contra a leucemia e também não tem o remédio, o azulejista doou a sobra de uma das substâncias que não usa mais. Os compridos ainda darão para 20 dias, mas depois disso Marta não sabe mais para quem recorrer.
— Simplesmente não tem o remédio. Já faz 15 dias que estou sem e só tenho agora por causa de uma doação. Se o remédio faltar, é morte.
De acordo com o hematologista Carlos Chiattone, diretor da Associação Brasileira de Hematologia, o Brasil está defasado nesta área.
— Estamos muito defasados da oferta de medicamentos com resultados absolutamente comprovados para os pacientes da área pública de saúde.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que o remédio do paciente Zanette já foi comprado e a distribuição deve ser normalizada em três semanas.
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