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Morre o primeiro paciente que recebeu transplante de coração de porco

Segundo o hospital que realizou o procedimento, o homem recebeu cuidados paliativos compassivos e conseguiu se comunicar com a família durante os últimos momentos de vida

Saúde|

A primeira pessoa a receber um transplante de coração de porco morreu dois meses após o procedimento histórico nos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (9) o hospital que realizou a cirurgia.

David Bennett, de 57 anos, que morreu em 8 de março, recebeu seu transplante em 7 de janeiro, informou a Universidade de Maryland, situada no estado de mesmo nome no leste dos Estados Unidos, em comunicado.

"Sua condição começou a se deteriorar há vários dias", diz a nota.

O transplante inédito gerou expectativas de que o uso de órgãos de outras espécies seria a solução no futuro para resolver a escassez crônica de órgãos humanos para doação. Por sua vez, a equipe responsável pela cirurgia mantém seu otimismo sobre o êxito desse procedimento no futuro.

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"Depois que ficou claro que ele não se recuperaria, ele recebeu cuidados paliativos compassivos. Ele conseguiu se comunicar com sua família durante suas últimas horas", diz o comunicado.

Após a cirurgia, o coração transplantado funcionou muito bem por algumas semanas, sem sinais de rejeição, indicou a universidade.

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Bennett passou algum tempo com sua família, fez sessões de fisioterapia, assistiu ao Super Bowl - a final da liga de futebol americano NFL - e sempre falava sobre o seu desejo de voltar para casa para ver seu cachorro Lucky.

"Ele mostrou ser um paciente corajoso e nobre, que lutou até o fim. Expressamos nossas mais sinceras condolências à família", comentou Bartley Griffith, o cirurgião que conduziu o procedimento.

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Esperança para o futuro

Em outubro de 2021, Bennett deu entrada no hospital da Universidade de Maryland. Estava deitado em uma cama e conectado a uma máquina de suporte vital de emergência. Foi considerado não elegível para um transplante humano, o que acontece quando o receptor tem problemas de saúde subjacentes.

"Obtivemos aprendizados inestimáveis sobre como o coração de porco geneticamente modificado pode funcionar bem dentro do corpo humano enquanto o sistema imunológico se comporta adequadamente", afirmou Muhammad Mohiuddin, diretor do programa de xenotransplante cardíaco da universidade americana.

"Seguimos otimistas e planejamos continuar com nosso trabalho em futuros ensaios clínicos", ressaltou.

O porco do qual veio o coração transplantado foi geneticamente modificado para evitar rejeição imediata. Uma nova droga experimental também foi usada, além das habituais drogas anti-rejeição, para suprimir o sistema imunológico. Durante os enxertos, o perigo é que este não detecte o órgão como corpo estranho e comece a atacá-lo.

Sem o transplante, David Bennett estava condenado. "Era a morte ou este transplante. Eu quero viver", disse o paciente antes da operação.

"Meu pai lutou até o fim da vida para passar mais tempo com sua família. Pudemos passar semanas preciosas juntos quando ele estava se recuperando de uma cirurgia, semanas que não teríamos sem esse esforço milagroso", disse seu filho David Bennett Jr em uma declaração.

"Esperamos que esta história seja um começo de esperança, não o fim", acrescentou.

Doadores ideais

Quase 110 mil americanos estão atualmente na lista de espera para transplantes de órgãos, e mais de 6 mil que precisam de transplantes morrem a cada ano no país.

Em 1984, um coração de babuíno foi transplantado para um bebê, mas o pequeno, apelidado de "Baby Fae", sobreviveu apenas 20 dias.

As válvulas cardíacas de porco já são amplamente utilizadas em humanos, e sua pele pode ser utilizada para enxertos em vítimas de queimaduras.

Para muitos, os porcos são doadores de órgãos ideais devido ao seu tamanho, crescimento rápido e ninhadas que incluem muitos descendentes.

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