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Você sente fome toda hora? Veja qual pode ser o seu problema

Estudo mostra que a famosa vontade de comer doce ou  pedaço de pizza com frequência pode ser disfunção do metabolismo 

Saúde|Carla Canteras, do R7

Disfunção metabólica faz pessoa ter necessidade de açúcar muitas vezes ao dia
Disfunção metabólica faz pessoa ter necessidade de açúcar muitas vezes ao dia Disfunção metabólica faz pessoa ter necessidade de açúcar muitas vezes ao dia

Não é raro encontrar pessoas que sentem fome o dia todo. As causas podem ser emocionais, ainda mais com as preocupações presentes no período da pandemia. Porém, existe uma possibilidade dessa falta de saciedade estar ligada às alterações metabólicas do trabalho da insulina no organismo.

A nutróloga Marcella Garcez, Diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que as disfunções mexem com a sensação de fome das pessoas.

“A insulina produzida pelo pâncreas metaboliza os açúcares consumidos e, dependendo de como for, a pessoa sente uma fome real, não só emocional. É uma fome física de açucares e carboidratos”, diz a médica.

A explicação para essa vontade de comer sem parar pode ter sido descoberta por pesquisadores da King's College de Londres e da empresa de ciência da saúde ZOE e reveladas em um estudo publicado na revista Nature Metabolism.

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Foram coletados dados sobre as respostas de açúcar no sangue e outros marcadores de saúde de 1.070 pessoas, após comerem cafés da manhã padronizados e refeições escolhidas livremente por um período de duas semanas.

Os cafés da manhã eram com muffins contendo a mesma quantidade de calorias, mas variando na composição de carboidratos, proteínas, gorduras e fibras.

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Por meio de monitores contínuos de glicose para medir os níveis de açúcar no sangue em jejum e depois das refeições, durante todo o estudo.

Além disso, os participantes usaram um dispositivo para monitorar as atividades e o sono e tinham de registrar, em um aplicativo de celular, toda vez que sentiam fome.

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Os pesquisadores notaram que algumas pessoas experimentaram quedas significativas de açúcar, de 2 a 4 horas após esse pico inicial, quando seus níveis de açúcar no sangue caíram rapidamente.

Essas pessoas tiveram um aumento de 9% na fome, e esperaram cerca de meia hora a menos, em média, antes se alimentar novamente, comparado com os voluntários que não tiveram uma queda brusca de açúcar, mesmo comendo exatamente as mesmas refeições.

Quem sentiu mais fome comeu cerca de 75 calorias a mais, nas 3 ou 4 horas após o café da manhã, e cerca de 312 calorias a mais durante todo o dia, em relação as pessoas que não tiveram necessidade de se alimentar tão rápido. Este tipo de padrão pode se transformar em 20 kg de ganho de peso ao longo de um ano, de acordo com a pesquisa.

“Nós sabemos há muito tempo, que cada vez que comemos carboidratos e doces, a glicose faz um pico de insulina. E nós, profissionais da saúde, achávamos que a insulina em níveis altos era o grande responsável pela fome. Mas, essa queda rápida da glicose é mais importante para o gatilho da fome rápida do que o pico de insulina. No estudo, as pessoas que tiveram os picos de insulina demoraram mais tempo para sentir fome”, ressalta a nutróloga.

A médica ensina que é possível a pessoa detectar se está com esse problema, já que a fome é específica de doces e carboidratos. É o famoso: que vontade de comer um doce, ou, que vontade de comer um pão de queijo, um pedaço de pizza.

“A pessoa tem fome de carboidratos e doce o dia todo. Atualmente as pessoas estão relacionando essa necessidade com a ansiedade da pandemia. Mas, ela precisa observar se a vontade persiste, mesmo nos dias que não está ansiosa. Provavelmente não é a fome emocional”, alerta Marcella Garcez.

O diagnóstico dessa disfunção hormonal pode ser feito por meio de exame que mede a curva glicêmica do paciente ao longo de todo o dia, em jejum e após as refeições.

Mas, algumas medidas podem ser tomadas, caso a pessoa esteja com essa grande necessidade de doces e carboidratos. A nutróloga lembra que a escolha dos alimentos é importante.

“Não pode ficar em jejum e não comer muito doce ou carboidratos de liberação rápida. Tem de fazer alimentação mais saudável, com frutas, legumes e fibras”, diz ela.

Garcez ainda acrescenta: “Esses picos e quedas bruscas de glicemia, com a pessoa comendo doce fazendo outro pico, outra queda, outro pico, outra queda é um ciclo vicioso. Esse ciclo impacta na fome e na compulsão por aproximadamente 48 horas. Então, se o paciente conseguir quebrar por dois ou três dias, a partir do terceiro ou quarto dia, normalmente, ele não sente mais tanta vontade. Mas a redução tem de ser drástica”, ressalta a médica.

A disfunção metabólica pode levar à compulsão alimentar, o que dificulta o tratamento por conta própria. Neste caso, é necessário procurar um profissional que poderá ajudar no processo de voltar a fome a parâmetros normais.

O estudo indica que muitas pessoas que fazem dietas e, mesmo assim, não perdem peso podem ter esse problema.

“Muitas pessoas lutam para perder peso e apenas algumas centenas de calorias extras todos os dias, podem somar vários quilos. A descoberta de que o a queda brusca do açúcar depois de comer tem impacto tão grande na fome e no apetite tem um potencial para ajudar as pessoas a entender e controlar seu peso e saúde a longo prazo", comemorou Ana Valdes, coordenadora do estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, para o site da King's College.

A nutróloga da Abran também comemorou a descoberta.

“Justifica um pouco do comportamento que algumas pessoas têm. Então, é um alerta para pessoas, médicos e profissionais que cuidam de obesidade e problemas metabólicos ficaram mais atentos, porque tem como resolver”, completou Marcella Garcez.

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