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Brasileiros devem enfrentar novos apagões neste verão

Especialistas criticam fragilidade do sistema brasileiro de geração de energia

Brasil|Do R7

Metrô lotado durante apagão
Metrô lotado durante apagão Metrô lotado durante apagão

A vida do brasileiro, que já não é lá muito fácil, está ainda mais complicada neste verão. Além de ter que conviver com um calor escaldante e falta de água em alguns lugares, até mesmo o uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado está ameaçado. Um apagão deixou parte de 11 Estados e do Distrito Federal sem energia elétrica por quase uma hora nesta segunda-feira (19). E a notícia mais desanimadora é que o cenário pode se repetir ainda neste ano.

De acordo com especialistas ouvidos pelo R7, o sistema elétrico nacional tem muitas deficiências e faltam investimentos no setor. Eles explicam que o problema que o País enfrenta agora é diferente do que enfrentou em 2001, quando houve necessidade de racionamento. Naquela época, a geração de energia era a principal carência, pois o Brasil dependia muito mais das hidrelétricas e o impacto da seca era imediato.

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Desta vez, o problema está concentrado na distribuição de energia, como deixou claro o ONS na nota divulgada para explicar o apagão desta segunda-feira. Segundo o professor da Coppe/UFRJ Marcos Freitas, o investimento nas linhas de transmissão está defasado há muito tempo.

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Para mim, isso pode acontecer de novo porque o sistema elétrico está muito frágil. Por conta de falta de fiscalização da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], as empresas, no período de vacas gordas, distribuíram muitos dividendos e investiram pouco na distribuição. Aí, quando chega o verão, é recorrente elas dizerem que está aumentando o consumo e que não têm como dar conta.

O professor de gestão de energia do Mackenzie Agostinho Celso Pascalicchio é ainda mais enfático quando questionado se o apagão pode voltar a acontecer.

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— Sem dúvidas pode acontecer novamente. O sistema é sofisticado, são transferências sofisticadas de cargas entre muitas unidades e elas estão sujeitas a falhas. Nós precisamos de mais sofisticação e novos investimentos, tais como geração distribuída e novas fontes de geração.

A culpa é do povo?

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Ildo Sauer, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, é expert no assunto há anos e garante que a conta dessa deficiência energética não pode ser passada para a população. Para ele, a tarifa que o brasileiro paga é mais que suficiente para garantir, “com toda segurança, o consumo instantâneo”.

A mudança de hábitos da população, que passou a ter mais acesso a aparelhos de refrigeração, provocou um aumento do gasto energético nos períodos de calor. Mas, para Sauer, colocar a culpa no consumidor e nas mudanças climáticas é muito conveniente para o governo.

— A temperatura alta já era esperada e o aumento da demanda não foi surpresa para ninguém. A desculpa do governo é sempre essa, mas falta energia porque ele não construiu usinas suficientes. Planejar-se para um período crítico exige certo grau de competência e não é o que estamos vendo.

Prejuízos

Além do desconforto de enfrentar uma tarde de calor sem refrigeração, os cortes de energia repentinos podem ter consequências graves quando atingem hospitais ou sistema de transporte. Em São Paulo, por exemplo, duas estações da linha Amarela-4 do metrô foram fechadas em razão da falta de energia, provocando grande tumulto entre os usuários.

O economista da Associação Comercial de São Paulo Marcel Solimeo destaca a preocupação do comércio de que esses cortes se tornem recorrentes. 

— O que realmente preocupa é não saber se o corte de hoje foi eventual ou se ele sinaliza que vamos ter problemas de abastecimento. Se houver um racionamento, o governo precisa informar e dar alternativas para orientar as empresas e o consumidor. Assim, as empresas podem se organizar e rever seu horário de funcionamento. 

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