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Como identificar notícias falsas sobre a greve dos caminhoneiros

As chamadas fake news provocaram filas enormes nos postos de combustíveis. Notícias falsas também prejudicam o ambiente político no país

Brasil|Giuliana Saringer, do R7

Greve começou no dia 21 de maio deste ano
Greve começou no dia 21 de maio deste ano Greve começou no dia 21 de maio deste ano

A nove dias do início da greve dos caminhoneiros, diversas mensagens e notícias falsas circularam na internet. O R7 ouviu três especialistas para explicar como não ser enganado por este tipo de conteúdo.

A coordenadora do laboratório de jornalismo da FAAP (Faculdade Armando Alvares Penteado), Edilamar Galvão, diz que o primeiro passo é desconfiar de todos os conteúdos que chegam por meio do WhatsApp.

Ela cita a pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, que aponta que os grupos familiares são os maiores difusores de notícias falsas.

Considerando o espaço digital fora do aplicativo de mensagens, Edilamar considera importante verificar em qual site o assunto foi publicado e que o usuário crie o hábito de acessar sites confiáveis. Para ela, "cada vez mais o público digital vai ter que se habituar a cruzar informação, a receber e ver onde mais saiu". 

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O professor da Faculdade Cásper Líbero e da USP (Universidade de São Paulo) Rafael Grohmann concorda que analisar as fontes de informação é essencial. "Checar e apurar não é uma coisa só de jornalista. A gente tem que fazer todos os dias", afirma.

Grohmann também diz que é preciso inserir as mídias digitais nos conteúdos de escolas, "já que temos o pressuposto de que só vivemos com a mídia, temos que ter uma cultura escolar não só voltada a aprender o português, mas o letramento midiático".

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Na mesma linha de Grohmann, o professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Luiz Peres afirma que os usuários precisam aprender a se informar pelos meios digitais para não acreditarem em notícias falsas. "Em um país onde não temos educação de base, é preciso dar instrumentos, capacitar. Os próprios consumidores das mídias digitais precisam ter capacidade de ler os conteúdos e saber diferenciar".

Fake news e a greve dos caminhoneiros

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Edilamar afirma que as fake news a respeito da greve dos caminhoneiros, em particular, geram uma atmosfera de medo e insegurança constantes.

"As notícias falsas promovem uma crise informacional que faz as pessoas não tenham a menor noção do que está acontecendo. Começa a entrar em um clima de pânico, a população acha vai ter uma profunda crise de abastecimento".

Edilamar diz que o fato da greve ter começado por meio de redes socais como o WhatsApp aumenta a sensação da população de não entender o que está acontecendo. Edilamar explica que sempre há uma motivação ideológica por trás dos conteúdos falsos.

"É uma notícia que sempre tem um interesse ideológico que apela para aquilo que a gente chama pelo viés de confirmação, ou seja, o desejo de quem recebe de que aquilo seja verdade", afirma Edilamar.

Luiz diz que a disseminação das notícias mostra a perda do “senso crítico por parte da população”. O professor afirma que a fake news “mistura os elementos reais ou questão ficcionais: ela puxa um fio da realidade e distorce”.

Edilamar diz que as notícias falsas não são novidade no mundo, mas a difusão por meio das mídias digitais são o que fazem com que o assunto seja constantemente revisitado.

Para ela, não é possível culpar o público de ser enganado com notícias falsas. "A paralisação aconteceu com uma rapidez e de forma tão inesperada, que as pessoas ficaram assustadas. Elas estão aptas a reagir muito rápido a qualquer informação, porque estamos no estado de pânico".

A quantidade de conteúdos que o público recebe todos os dias também é uma questão que pode abrir espaço para a difusão das notícias falsas.

Para Grohmann, "um excesso de informação pode contribuir para a desinformação. Às vezes a pessoa lê a primeira linha e já vai descendo. Por exemplo, e-mails que a gente envia: às vezes tem mais de 5 linhas e a pessoa não lê".

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