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Deputados temem "caça às bruxas" com criminalização da homofobia

Deputados estão preocupados que possível criminalização, em discussão no STF, acabe com a liberdade de expressão religiosa  

Brasil|Do R7

STF discute hoje a criminalização da homofobia
STF discute hoje a criminalização da homofobia STF discute hoje a criminalização da homofobia

Está na pauta do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (13) a discussão da criminalização da homofobia. As ações pedem a criação de um tipo penal para punir quem praticar discursos de ódio, violência física ou homicídios em função da orientação sexual da vítima e podem estipular um prazo para que o Congresso discuta a questão, já que tramita na Casa um projeto de criminalização da homofobia.

Contrária às ações, a bancada evangélica esteve ontem (12) reunida com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para pedir que o tema fosse retirado de pauta. Os deputados, liderados pelo pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), temem que, caso a criminalização seja aprovada, haja interferência na liberdade de expressão, principalmente de pastores em templos. Para o deputado, é difícil a delimitação do que é crime de violência e o que é liberdade de expressão. 

A bancada quer liberdade religiosa plena e teme ter que tenha que "suprimir" trechos do livro sagrado que condenam o ato homossexual, como explica o deputado Marco Feliciano.

"Como suprimir trechos do livro sagrado que é a base da humanidade? As Bíblias terão que ser arrancadas de todos os púlpitos e livrarias, pois o livro condena o ato homossexual".

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O deputado explica que não há resistência da bancada à criminalização da violência física e homicídios motivados pela questão de gênero. O problema é a equivalência da homofobia à legislação que criminaliza o racismo.

"O problema real é que ninguém consegue mensurar o que é homofobia, se você coloca na mesma categoria que racismo. Se alguém falar algo inviezado para você é passível de processo [racismo]. Como é que ficam os padres e pastores que têm a Bíblia Sagrada como livro, que condena o ato homossexual como pecado? E há ainda o artigo quinto da Constituição que diz que a liberdade religiosa não pode ser tocada. É patrimônio do ser humano. Caso aprovada [a criminalização] pode criar insegurança jurídica ou até perseguição religiosa, como acontece em outros países. Somos contra qualquer tipo de violência. Mas como mensurar homofobia? É preconceito? Mas se eu não concordo estou sendo preconceituoso? E a minha liberdade de consciência? Vem antes de qualquer outra. Isso é uma mordaça".

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O deputado Aroldo Martins (PRB-PR), que esteve no encontro, explica que, além da defesa da liberdade de expressão, o grupo defendeu a separação entre Estado e Igreja e argumentou que pode haver uma interpretação individual do que é homofobia. 

"Não há homofobia no meio evangélico e no meio cristão, pelo contrário. Convivemos com a maior naturalidade, mas tememos que pessoas mal intencionadas usem essa agenda como uma verdadeira 'caça às bruxas'. Vai muito da intepretação daquele que, a seu ver, se sentiu vítima de preconceito. Para nós evangélicos e cristãos, essa questão está se colocando em um prisma que prejudica o relacionamento com as diferenças muito mais do que garantir direitos aos homossexuais." 

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Martins explica que não se deve judicializar uma questão que ainda está em discussão no parlamento. Ele conclui dizendo que não acredita que a criminalização seja aprovada pela atual legislatura. 

"Se está judicializando algo que não é tema consumado no parlamento. Pedimos exatamente, porque há um campo para se trabalhar, de não se judicializar essa questão e deixar dar ao legislativo o seguimento. Se esse assunto for trazido novamente pela renovação da Câmara, ele não passaria."

As ações que devem ser analisadas pelo STF nesta quarta são de autoria do PPS e da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), que pedem que o Supremo não apenas declare o Congresso omisso por não ter votado projeto de lei que criminaliza a homofobia, mas também dê um prazo final para que os parlamentares aprovem uma legislação criminal que puna a homofobia.

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