O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse nesta quinta-feira (12), em depoimento à CPI que investiga irregularidades da estatal na Câmara dos Deputados, que nunca soube da existência de corrupção devido ao grande número de contratos na Petrobras. A única maneira de identificar desvios era por meio de denúncias ou investigação por parte da polícia.
—É impossível identificar esse comportamento internamente. Esse é um caso de polícia.
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Pela sexta vez no Congresso nos últimos anos, como lembrou, Gabrielli enfatizou que os processos de compra na estatal são gigantescos e não são individuais. Dessa forma, segundo ele, a corrupção ocorre no ato de negociação entre algumas pessoas e em cima do lucro legítimo das empresas.
Gabrielli detalhou os procedimentos de concorrência e alegou que havia práticas usuais para evitar sobrepreços em contratos. Ele repetiu que sua gestão ampliou o poder de auditoria, mas que ainda assim era difícil detectar irregularidades em relações diretas com fornecedores.
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—Eles fizeram negociações ilícitas na relação direta com o fornecedor. Não era possível que se captasse essa situação. Estamos na terceira CPI do Congresso Nacional, o que significa que na vida cotidiana é quase impossível perceber isso.
O ex-presidente da estatal argumentou que auditorias estão em constante aperfeiçoamento, mas que não têm poder de polícia. Se a auditoria encontra irregularidades, encaminha a órgãos competentes, explicou. Segundo Gabrielli, o potencial para corrupção está relacionado à quantidade de transações que envolvem a estatal.
Antes, Gabrielli fez uma explanação sobre o Conselho de Administração da Petrobras e repetiu que na estatal não há decisões individuais, que todas as decisões são coletivas.
Marco regulatório
Gabrielli disse que o Congresso foi sábio em aprovar a mudança do marco regulatório do pré-sal e que o modelo está sob ameaça atualmente. No depoimento à CPI da Petrobras, Gabrielli disse que não se pode confundir o comportamento criminoso de alguns com o da estatal, que funciona.
Em sua explanação, o ex-presidente da estatal disse que a média de sucesso na indústria de petróleo é de 20% e no pré-sal foi de 90%.
—É fácil encontrar petróleo do pré-sal, difícil é produzir. Por isso ele é viável economicamente.
Segundo ele, com o crescimento da empresa, a indústria naval saiu da estagnação com 2.000 empregados para 70 mil.
Gabrielli ressaltou que a indústria de petróleo não é importante somente na geração de emprego e renda, mas para o financiamento nos governos federal e estaduais.
—Não é uma coisa trivial que estamos falando.