Os investimentos em barragens, adutoras e outras obras de infraestrutura para enfrentamento de secas extremas e outros fenômenos climáticos pode ultrapassar a cifra dos R$ 5 bilhões no ano que vem, considerando apenas os recursos do Ministério da Integração Nacional projetados para 2013.
A estimativa apresentada nesta quarta-feira (19) pelo ministro Fernando Bezerra Coelho tem, ao menos, duas justificativas. A primeira é que, ao longo deste ano, foram investidos mais de R$ 3 bilhões.
Em 2011, a cifra foi R$ 2,8 bilhões. A outra motivação para o otimismo em relação aos investimentos é o calendário das obras de transposição do rio São Francisco.
De acordo com Bezerra Coelho, a entrega da principal obra do governo brasileiro e o cumprimento da promessa de abastecimento de água para a região Nordeste, a mais afetada pelas estiagens, estará garantida em 2015.
Isto porque os editais para contratação das empresas que farão as últimas etapas da transposição devem ser publicados até o final de fevereiro de 2013. O ministro explicou:
— [As obras ainda não concluídas] no Eixo Leste [que vai garantir a distribuição de água a municípios da Bahia, de Pernambuco e da Paraíba] estarão todas contratadas até junho.
Do lado norte das obras, os dois eixos que garantem o fornecimento de água do município pernambucano de Cabrobó para Jati e Mauriti, no Ceará, já estão contratados.
— Até o dia 30 de janeiro, publicamos o edital da terceira meta, que garante o abastecimento de água até a Paraíba.
Bezerra Coelho reconheceu atrasos que poderiam ser evitados, mas garantiu que a obra será concluída em tempo considerado normal para o tipo de investimento.
Ao citar projetos semelhantes desenvolvidos em outros países, o ministro assegurou que o trabalho está dentro do prazo de todas as transposições feitas no mundo.
— Só não vamos ganhar dos chineses.
Segundo o ministro, o tempo dessas obras variou entre 20 e 40 anos. Apenas a China conseguiu concluir em dez anos o projeto de transporte de água do Rio Amarelo (Huang He), feito com três eixos.
Ao antecipar o balanço das ações de prevenção e enfrentamento da seca no Nordeste brasileiro que será divulgado na próxima quinta-feira (20), o ministro destacou que a transposição não tem sido o único investimento público na região.
— A cada R$ 1 investido na transposição, temos R$ 2 investidos em outras obras de infraestrutura hídrica no Nordeste.
Além da transposição, Bezerra Coelho citou obras como o Eixão das Águas, no Ceará, que garante 60% da água consumida em Fortaleza, capital do estado, a partir do açude do Castanhão, construído sobre o leito do Rio Jaguaribe.
Bezerra também adiantou que a adutora em Irecê, na Bahia, está em fase final de testes e deverá levar água para a região de Serra Talhada em janeiro. Ainda segundo o ministro, no Rio Grande do Norte, a primeira etapa da Adutora do Agreste, considerada a maior em operação, estará concluída até fevereiro de 2013.
O dinheiro investido na região também envolve medidas emergenciais como contratação dos mais de quatro mil carros-pipa que estão levando água para os municípios mais atingidos pela seca. Amanhã (20), Bezerra Coelho deve anunciar um programa de controle desse trabalho.
— Como todas as cisternas estão georreferenciadas, quem tiver cisterna vai ter um cartão. Sempre que a cisterna for abastecida, será registrado. Vamos monitorar.