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Reportagem da Record TV é finalista do Prêmio Patrícia Acioli

Premiação sobre direitos humanos é organizado pela Amaerj

Brasil|Do R7

Reportagem flagrou 22 confecções clandestinas em São Paulo
Reportagem flagrou 22 confecções clandestinas em São Paulo Reportagem flagrou 22 confecções clandestinas em São Paulo

A reportagem “As Casas da Escravidão”, produzida pela Record TV, é finalista do 6º Prêmio Patrícia Acioli de Direitos Humanos, organizado pela Amaerj (Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro).

Exibida em fevereiro pelo Câmera Record, a reportagem é resultado de um trabalho de investigação de três meses dos repórteres Romeu Piccoli, Ana Haertel, Daniel Motta e do editor Marcelo Magalhães, que fizeram uma das investigações mais complexas já realizadas sobre o trabalho escravo na cidade mais rica do país.

Em um registro inédito na TV brasileira, as equipes da RecordTV flagraram 22 confecções clandestinas explorando pessoas de todas as maneiras na Grande São Paulo.

“As Casas da Escravidão” também foi vencedora do Prêmio Nacional de Jornalismo do Ministério Público, na categoria Telejornalismo.

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O procurador da Justiça do Trabalho, Luiz Fabre, estima existir 100 mil pessoas em condições de escravidão só na capital paulista.

Foi em uma dessas oficinas que o repórter Daniel Motta conseguiu uma vaga de emprego, disfarçado de migrante nordestino recém-chegado a São Paulo.

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O repórter foi contratado sem carteira assinada e teve que trabalhar incansáveis 14 horas por dia, com a promessa de receber no final do mês um salário de cerca de R$ 400.

“Às seis horas da manhã eu tinha que acordar. Ganhei um café e um pão amanhecido, duro, para começar o trabalho”, conta Motta.

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Nas chamadas "casas da escravidão", mesmo o recém-empregado, que geralmente não tem experiência alguma com o maquinário, é obrigado a fazer mais de 150 peças de roupas diariamente.

— O tempo era muito pouco pra aprender a costurar. Então, é o que acontece com esses trabalhadores. Eles têm pouco tempo para mostrar trabalho.

O expediente só chega ao fim por volta das 22h, com pequenas pausas para o almoço e jantar, cujo cardápio consistia em salsicha, arroz e ovo.

— Eles descontam do salário a comida que você come.

O repórter infiltrado passou a noite em claro, com receio de ser descoberto, em um pequeno quarto no fundo da casa.

— A porta é trancada. Eu não conseguia sair. Ela é fechada por fora. E assim deve ser o quarto de todos os outros que trabalham aqui para que eles não saiam. Só saem no horário certo.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, grandes marcas de roupa se beneficiam de uma situação irregular e degradante, em que oficinas clandestinas mantêm trabalhadores em condições subumanas.

Para o auditor fiscal do trabalho, Renato Bignami, algumas destas grandes marcas foram flagradas.

— Não eram peças falsificadas, nem eram peças de outra marca. Ela [a empresa] se recusou a facilitar qualquer tipo de pagamento de verbas rescisórias às vítimas do trabalho escravo que estava fartamente comprovado nos autos.

O Câmera Record teve acesso exclusivo a imagens que mostram trabalhadores de uma oficina, em condições degradantes, colocando etiquetas de uma outra grande empresa de roupas, que possui 35 lojas no Estado de São Paulo.

A marca será investigada pelos auditores graças às imagens obtidas pelo programa.

— Esses trabalhadores serão resgatados das condições análogas de escravo e a empresa será responsabilizada.

Da Bolívia para o Brasil

A reportagem também mostra as dificuldades que os bolivianos enfrentam nas estradas, em uma viagem longa e cansativa, em busca de uma vida menos miserável no Brasil. É a chamada "rota da escravidão".

Histórias de quem embarcou na falsa promessa de ter uma vida mais digna e um emprego remunerado, mas acabou aprisionado em pequenos cômodos, insalubres, sem comida e sem dinheiro. Uma delas é Ruth, que revela o que precisou enfrentar durante o trabalho escravo.

— Eu fiquei trancada durante sete anos. Perdi todos os meus dentes, porque não me deixavam sair. Sofria agressões todos os dias. Tentaram até me estuprar.

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