Caminhoneiros autônomos que partiram dos três estados do Sul do País estacionaram 32 caminhões na manhã desta terça-feira (3) nas proximidades do estádio Mané Garrincha, área central de Brasília. A expectativa é a de que outros 15 se juntem ao grupo nas próximas horas. Os trabalhadores querem óleo diesel mais barato e aumento do valor do frete. Segundo eles, caso não haja mudanças, o sustento de suas famílias permanecerá ameaçado e eles continuarão o movimento que já paralisou as estradas e provocou desabatecimento em algumas cidades.
O grupo estacionado no centro de Brasília diz não ser representado pelos sindicatos que negociaram acordo com o governo federal para acabar com a paralisação nas estradas. Segundo alguns porta-vozes, o problema não foi resolvido com as medidas anunciadas (como a sanção da Lei dos Caminhoneiros sem vetos pela presidente Dilma) e mudanças na cobrança de caminhões nos pedágios.
A reportagem do R7 ouviu Emerson Oliveira Lima, há 17 anos nas estradas. Segundo ele, a pauta principal não foi contemplada nas negociações.
— Além disso, somos prejudicados pelas transportadoras que ficam com a maior parte do lucro do frete. Para nós o que importa é um frete mínimo e um combustível menos oneroso, por volta de R$ 1,70 o litro.
Eles acreditam que uma portaria do Ministério dos Transportes poderia regulamentar o frete.
Os caminhoneiros, que dizem se comunicar entre si pelas redes sociais, receberam o apoio de moradores da capital. A dona de casa Ivana Stoimenof, moradora do Lago Norte, trouxe arroz, feijão, mandioca e carne de porco. Os produtos, entretanto, não podem ainda ser aproveitados pelos manifestantes pois eles não têm como cozinhar os alimentos.
— Vim dizer a eles que podem contar com o meu apoio e o da minha família. Não aguentamos mais o governo.
Além de Ivana, outros cinco simpatizantes abasteceram o grupo com água, sanduíches e frutas.
De acordo com os caminhoneiros, dois representantes deles estão reunidos com membros do Ministério dos Transportes para dialogar sobre a pauta de reivindicações.
— Basicamente queremos um piso para o valor do frete e a diminuição do preço do óleo diesel, por meio da desoneração fiscal da venda do produto, disse Cristiano Porfírio, de Pitanga (PR).
Ele conta que há 12 anos, o preço da tonelada transportada num trecho de 3,5 mil km era de R$ 100 e o preço do diesel era de aproximadamente R$ 0,38 o litro.
— Hoje a tonelada está R$ 290,00 e o preço do diesel em torno de R$ 2,80. Ou seja, a defasagem no pagamento da tonelada é absurda. Ainda segundo ele, o preço do frete por quilômetro rodado deveria estar em R$ 5 e não abaixo dos R$ 2 como está hoje.
Os caminhoneiros ainda não decidiram se irão em comboio pela Esplanada dos Ministérios até a praça dos Três Poderes. O deslocamento dos "cavalinhos" como são chamados os caminhões sem a carreta depende de autorização da secretaria de Segurança Pública do DF. Eles esperam que mais colegas cheguem a Brasília nas próximas horas. Alguns deles falam em reunir mil caminhoneiros.
Segundo o tenente-coronel Evaldo, do Batalhão de policiamento de trânsito, essa "marcha" está condicionada a um acordo entre os manifestantes e as autoridades. Ele disse que pediu aos caminhoneiros que formem uma comissão para que o assunto seja discutido com a polícia e a secretaria. Já a secretaria afirmou ao R7 por meio de sua assessoria de imprensa que a decisão sobre eventual liberação dos caminhões está a critério da própria PM.