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Sargento e médico envolvidos em fraude em cartão de vacina de Bolsonaro pedem acordo

Farley é suspeito de ter usado dados de de uma enfermeira para fraudar informações sobre imunização contra Covid

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em BrasíliaOpens in new window

Moraes é relator da ação do X (Divulgação/STF)

O sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e o médico Farley Vinícius Alencar de Alcântara pediram ao Supremo Tribunal Federal a celebração de um ANPP (Acordo de Não Persecução Penal), medida firmada com o Ministério Público para confessar crimes e ter a possibilidade de encerrar o processo. Em troca, o MP pode determinar prestação de serviços à comunidade, pagamento de multa e outras determinações. Os dois foram indiciados por fraude em cartões de vacina de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes vai relatar o pedido.

Farley é suspeito de ter usado dados de vacinação de uma enfermeira para modificar informações do documento de imunização de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Marcos também é suspeito de participar do esquema.

“Os tipos penais descritos no relatório policial, nota-se que, em princípio, os investigados fazem jus à celebração de acordo de não persecução penal, por atenderem às condições. As investigações estão concluídas e não haverá a ampliação da responsabilidade penal dos ora peticionários, que já está delimitada pela investigação exaurientemente efetuada”, disse a defesa.

A defesa afirmou que “os cartões físicos obtidos por Luis Marcos de seu sobrinho Farley e entregues ao coronel Mauro Cid não chegaram a ser registrados nos sistemas do Ministério da Saúde, justamente diante do fato de que o lote das vacinas indicadas no documento constava como oriundo de outro estado”.

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“Os sistemas de informação do Ministério da Saúde simplesmente não permitem, de forma alguma, em razão de sua própria programação, a inserção de dados de vacinação relacionados a lotes de áreas do território nacional distintas da pretensa área de inserção. Desde logo, isso mostra, para além de qualquer dúvida razoável, que a forma de atuação do ex-sargento e se seu sobrinho, em pontual concurso de agentes, foi isolada, absolutamente amadora e executada por meio e formas totalmente impróprios para alcançar o pretenso fim almejado”, afirma.

Nesta semana, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que a Polícia Federal realize mais investigações após analisar um relatório da própria corporação. Para Paulo Gonet, é relevante “saber se algum certificado de vacinação foi apresentado por Jair Bolsonaro e pelos demais integrantes da comitiva presidencial, quando da entrada e permanência no território norte-americano”. Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) aparecem na lista de indiciados. O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

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Segundo Gonet, ainda não se obteve a resposta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, ao pedido formulado pela PF de esclarecimento sobre se os investigados recorreram aos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estada no território norte-americano. “Ao menos seria de interesse apurar se havia, à época, norma no local de entrada da comitiva nos EUA impositiva para o ingresso no país da apresentação do certificado de vacina de todo estrangeiro, mesmo que detentor de passaporte e visto diplomático. A notícia é relevante para a avaliação dos tipos penais incidentes no episódio.”

Segundo a PF, as inserções falsas ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante — no caso, a condição de imunizado contra a Covid-19.

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Com isso, os investigados puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (do Brasil e dos Estados Unidos), que visavam impedir a propagação da doença.

Gonet disse que, no que diz respeito ao conteúdo dos aparelhos celulares, para a melhor individualização das condutas de cada investigado, é importante “que se declinem informações sobre o que se encontrou em cada dispositivo apreendido, ou, ao menos, que se afirme que a extração não se mostrou relevante para as investigações”.

A apuração revela que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a sua pauta ideológica — no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19″. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo.

Segundo a PF, Bolsonaro cometeu o crime de inserção de dados falsos em sistema de informações em 21 de dezembro de 2022 ao incluir o registro de vacinação contra a Covid-19 dele e da filha Laura Bolsonaro no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.

A investigação da Polícia Federal constatou que o ex-presidente “agiu com consciência e vontade” ao exigir que o documento dele fosse fraudado para que constasse o registro de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente negou à PF que tenha feito a solicitação.

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