Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Sem apoio, futebol americano do DF usa até o gramado da Esplanada para treinos

Média de público dos jogos varia entre 300 e 850 pessoas, segundo clubes

Brasília|Do R7*

Brasília Alligators e Brasília V8 duelam em campo de futebol. Esporte tenta vencer estigma de violento
Brasília Alligators e Brasília V8 duelam em campo de futebol. Esporte tenta vencer estigma de violento Brasília Alligators e Brasília V8 duelam em campo de futebol. Esporte tenta vencer estigma de violento

Capacete, protetores de ombros e costas, luvas, uniforme, chuteira e uma bola em formato achatado. Onze jogadores para cada lado. Muita vontade de jogar e pouco apoio. Desta maneira é possível descrever o futebol americano no Distrito Federal. Realidade bem diferente dos Estados Unidos, onde o esporte promove um espetáculo para multidões dentro e fora dos estádios e movimenta milhões de dólares em publicidade, com seu ápice para a final da liga NFL, conhecida como Super Bowl. 

No DF, mesmo com a dificuldade em confirmar locais para os jogos ou treinos, alguns times contabilizam entre 300 a 850 torcedores por jogo. Ou seja: o interesse vai além dos amigos e parentes dos jogadores das equipes. Sem estrutura, os times utilizam até o gramado da Esplanada dos Ministérios para treino. 

Brasília Alligators, Brasília V8 e Leões de Judá – o último atual campeão candango da modalidade – são as três equipes do DF que disputam, neste ano, a Liga Nacional de Futebol Americano, o mais importante campeonato da modalidade no Brasil, organizado pela CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano). Na primeira fase os jogos começam divididos por regiões. Todos jogam contra todos em casa e fora e apenas um se classifica.

Leia mais notícias no R7 DF

Publicidade

Para Adalberto Patrocínio, presidente do Leões de Judá, a principal dificuldade em divulgar o esporte está em vencer o estigma de esporte violento.

— Queremos driblar o estigma de esporte violento. No futebol americano você tem equipamentos de segurança, como protetores de ombro, capacete. Algo que não tem no MMA (Artes Marciais Mistas), por exemplo.

Publicidade

Raquel Araújo, presidente do Brasília Alligators, conta que quando o clube foi fundado, em abril de 2011, qualquer pessoa que quisesse jogar era integrada ao time. Hoje, no entanto, o Alligators possui 50 atletas no plantel principal. Para ingressar, há uma peneira que testa a aptidão do atleta. Brasília V8 e Leões de Judá adotam técnicas parecidas; as equipes possuem 67 e 120 atletas, respectivamente.

Luta constante

Publicidade

Em um país dominado por um futebol diferente – chamado de soccer nos EUA – talvez a maior dificuldade encontrada seja a divulgação com eficácia, uma vez que as três equipes usam apenas as redes sociais para se promover e conquistar novos fãs.

Parceria fez jogadores do Brasília V8 e Brasília Futebol Clube irem juntos ao Hemocentro para doar sangue
Parceria fez jogadores do Brasília V8 e Brasília Futebol Clube irem juntos ao Hemocentro para doar sangue Parceria fez jogadores do Brasília V8 e Brasília Futebol Clube irem juntos ao Hemocentro para doar sangue

Mas Dionísio Rodrigues, assessor do Brasília V8 e ex-jogador do esporte, rechaça uma suposta rivalidade entre o soccer e o futebol americano.

— Não é porque eu gosto de soccer, que eu não gosto de futebol americano e vice-versa.

Outra dificuldade relatada pelos membros do staff é quanto ao patrocínio. Nenhum dos três clubes possui algum tipo de ajuda financeira. Somente parcerias com academias, lojas de suplementos alimentares e clínicas de fisioterapia.

O Brasília V8, no entanto, tem um parceria com o Brasília Futebol Clube. Uma camisa festiva, com os escudos das duas equipes, deve ser colocada à venda por R$ 30. O montante arrecadado será revertido integralmente para o Hospital da Criança da Abrace. Segundo Rodrigues, torcedores que usarem a camisa comemorativa em jogos do Brasília V8 terão desconto de 50% no ingresso. Durante o Peace One Day, os jogadores das equipes parceiras foram ao Hemocentro para doar sangue juntos.

Para superar as deficiências do plantel, o presidente do Leões de Judá implantou uma mensalidade aos atletas. Com o valor arrecadado, a equipe conseguiu contratar um jogador estrangeiro, que já estava no Brasil.

Episódio constante é a procura por lugares para os mandos de jogos no Distrito Federal. Nenhum dos clubes ouvidos possui um lugar fixo. E enfrentam um desafio a cada rodada para cada jogo do campeonato.

Em nota, a Secretaria de Esporte do Distrito Federal disse que, durante o período de janeiro a setembro deste ano, recebeu seis pedidos de reserva do Estádio Bezerrão para a realização das 6ª, 7ª e 8ª rodadas da 2ª Edição do Campeonato Candango de Futebol Americano. O Estádio sediou as 6ª e 7ª rodadas. A 8ª, no entanto, não pode ser atendida devido à interrupção de eventos para a manutenção do gramado do Estádio. Ainda segundo a assessoria da pasta, os outros estádios do Distrito Federal são de responsabilidade das administrações regionais.

Os atletas

Com um perfil mais “democrático”, o futebol americano chama atenção de vários tipos de atletas. Os mais gordinhos e os magrinhos podem, sim, ter lugar em uma mesma equipe. A diferença, no entanto, fica no posicionamento dentro de campo.

— A pessoa pode jogar mesmo que não tenha preparo físico considerado ideal para outros esportes, conta Raquel.

Em Brasília, quem conheceu o esporte e gostou, realmente está disposto a investir nele. E o investimento não é pouco. O custo inicial dos equipamentos de proteção pode variar entre R$ 1.200 e R$ 2.000. Conforme a presidente do Brasília Alligators, é possível comprar equipamentos usados.

Maxwell da Silva joga no Brasília Templários, outro time da capital federal. Ele conheceu o futebol americano no início deste ano e passou a se dedicar como em nenhum outro esporte. Ele, que já gostava de acompanhar a modalidade pela televisão foi convidado por um amigo para ir a um treino.

— Depois disso não larguei [o esporte]. Só passei a me envolver mais e mais.

Silva ainda não possui o equipamento completo. Mas disse que já gastou cerca de R$ 800.

Saiu do Brasília Alligators, inclusive, um jogador que pode ser uma das novas promessas da NFL (National Football League), liga estadunidense de futebol americano. Marcão, de 16 anos, joga em um time de uma universidade do país norte-americano.

O atleta é um dos exemplos dos trabalhos de categoria de base. Os clubes começam a acolher atletas a partir dos 14 anos. Em algumas equipes, eles treinam junto com o grupo principal, mas não são relacionados para as partidas.

Modalidade não exige equipamentos de proteção: custo-benefício para quem quer jogar
Modalidade não exige equipamentos de proteção: custo-benefício para quem quer jogar Modalidade não exige equipamentos de proteção: custo-benefício para quem quer jogar

Toque feminino

O Brasília Alligators possui outros atletas além da equipe principal. Entre eles estão atletas do time juvenil, que tem a partir de 14 anos e, também, um time feminino de flag football, que conta com 25 atletas. À modalidade, se aplicam regras parecidas com a do futebol americano.

Os jogadores usam cintos com duas bandeiras presas com velcro. Ao invés de derrubar o adversário, o jogador deve tentar retirar uma das bandeiras presas na cintura. Para entrar no time, no entanto, não há moleza: as meninas passam por um processo parecido com o dos homens.

Como o esporte é praticado sem os equipamentos de proteção, a vantagem da modalidade é o menor custo empregado nos equipamentos.

— É necessário apenas o uniforme e as chuteiras. O custo total gira em torno de R$ 200. 

*Colaborou Douglas Lemos, estagiário do R7 DF.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.