A polícia descobriu que o bunker construído em uma funilaria desativada, no Bairro Montevidéu, em Campo Grande, que guardava quase meia tonelada de cocaína seria ampliado. Conforme investigação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), o esconderijo tinha capacidade para armazenar até 10 toneladas de entorpecente, sem chamar atenção.
O bunker subterrâneo descoberto, no fim da tarde desta terça-feira (31), foi construído com técnicas especializadas na área de engenharia, segundo a polícia. Os criminosos trabalharam por, pelo menos, três meses para criar o esconderijo fortemente protegido, com um revestimento de quase 25 centímetros de espessura no contrapiso, placas de isopor coladas no telhado de alumínio para isolamento acústico. Na parte interna, tijolos de concreto e vigas de ferro faziam a sustentação do buraco.
“Eles acharam uma “história cobertura” para que não chamassem atenção, principalmente, da vizinhança, pois é um imóvel onde seria característico termos sucatas, barulhos, materiais de construção. O local foi locado e reformado para funcionamento de uma empresa determinada. O que é característica dos laranjas que atuam nessa organização criminosa. E, a partir daí, preparam todo o local com uma logística de forma a colocar a droga sem levantar suspeita”, explica a delegada Ana Cláudia Medina, diretora do Dracco.
Para entrar no bunker, os policiais tiveram que quebrar o piso com um grosso revestimento, o que dificultou o trabalho. Pela estreita passagem foram retirados 353 tabletes, com peso total de 407,0 kg de cocaína. Dois homens, de 38 e 40 anos, responsáveis pela segurança da droga, foram presos.
Polícia "estoura" bunker com 400 kg de cocaína (Divulgação)
De acordo com Medina, os presos tinham a função de receber a droga e, depois, outros integrantes fariam a distribuição. “Eles eram os encarregados de fazer o acondicionamento do entorpecente no local. Um deles confessou que participou de toda essa engenharia para a construção do esconderijo, com a ajuda da mão de obra de um pedreiro”, disse.
Na casa de um dos autores, os policiais encontraram outros 47 tabletes, pesando 54 kg. Para a polícia, o imóvel em construção onde funcionava a funilaria, na região norte da cidade, era apenas um entreposto. A cocaína seria distribuída em estados vizinhos, como São Paulo, e até países da Europa, onde triplicaria o valor da droga.
O entorpecente apreendido veio da fronteira e tinha um cavalo de competição estampado nos tabletes, que serve como "marca" do fornecedor. A apreensão avaliada em R$ 11.525.000,00 ocorreu após o Dracco receber informações de que havia um imóvel na Capital com grande quantidade de droga.
“Mato Grosso do Sul tem essa característica de ser rota do tráfico, por conta das nossas fronteiras secas. Temos realizado pelo Departamento um trabalho incansável e permanente que há 6 anos em torno da repressão ao narcotráfico, seja por via aérea ou descapitalizando as organizações criminosas”, afirma Medina.
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