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Mortes em Vila Velha: rituais com bebidas são comuns na Umbanda? Veja o que diz Mãe de Santo

A Mãe de Santo Eliane D'Ogum esclarece que muitos símbolos são usados durante os rituais, pois têm seus significados

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A idosa Beatriz Farias, 65 anos, morreu durante um ritual religioso no último final de semana, em Vila Velha. Segundo familiares, durante o trabalho realizado por um Pai de Santo, a mulher foi envolvida em um lençol e teve cachaça jogada sobre ela. Em seguida, o homem passava uma vela próximo ao pano, o que, segundo a família, causou uma explosão.

O acidente fez com que a mulher tivesse 70% do corpo queimado. No entanto, praticantes de rituais das religiões de matrizes africanas destacam, em entrevista ao Folha Vitória, que o uso de bebidas alcoólicas e velas é normal.

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De acordo com a Mãe de Santo Eliane D'Ogum, da Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Pai Joaquim de Aruanda, em Vila Velha, o uso destes materiais são usados apenas em locais e momentos específicos e controlados por responsáveis.

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"Eu não uso esses materiais para trabalhos com os meus consulentes. Aqui fazemos uso desses materiais somente para nossas firmezas, em locais específicos dentro da casa. O uso da cachaça ou outras bebidas é controlado pela nossa chefia de gira, os médiuns destinados para tomar conta de todo trabalho", afirmou.

A Mãe de Santo explica que os símbolos têm significados específicos dentro da religião. Por isso, são usadas, entre outros, as velas e as bebidas.

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"As velas, aqui em nossa casa, dentro dos dogmas seguidos por nós, significa a luz, a chama que clareia nossos caminhos e ilumina nossos pedidos. Já as bebidas são usadas como forma de descarrego interior, na qual os médiuns incorporados bebem ponderadamente, somente para uso de trabalho das entidades", esclarece.

Mãe Eliane lamentou o acidente ocorrido com a idosa e disse que o fato pode colaborar para o aumento da intolerância religiosa e do preconceito. Para ela, as religiões de matrizes africanas não têm o espaço que merecem, nem mesmo o apoio de lideranças.

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"Os dirigentes do país e Estado ou pessoas ligadas à qualquer liderança comunitária deveriam ser os primeiros a lutar contra o preconceito. Não temos direitos iguais, não podemos realizar eventos grandes como os que acontecem. Inclusive não temos sede própria e somos obrigados a ficar de lá para cá quando nosso contrato termina. Tudo ainda fica pior quando um fato como o de ontem acontece", lamenta.

O caso

Beatriz Farias morreu após ter o corpo queimado durante um ritual religioso. Familiares contaram para reportagem da TV Vitória/Record TV que ela estava com depressão. O filho convidou a mãe para ir em um ritual para fazer um processo de "libertação".

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A mulher aceitou o convite. Na noite de sábado (08), ela foi para o ritual e pediu para ficar acompanhada do filho, da nora e de uma sobrinha. Ainda de acordo com os familiares, a sobrinha tentou gravar parte da sessão. Os membros do terreiro, no entanto, pediram para que ela esperasse do lado de fora.

Do local onde ela estava, segundo a família, ainda era possível ver o que estava acontecendo. A sobrinha da idosa contou para os parentes que a tia foi orientada a comprar um kit de lençol branco. No ritual, o pai de santo esticou o lençol no chão e pediu para que a mulher se deitasse. 

Ainda segundo a família, o pai de santo teria enrolado ela no lençol e jogado cachaça. Em seguida, ele começou a passar uma vela próximo à mulher. 

Durante o ritual, segundo a família, ocorreu uma explosão. A mulher teve cerca de 70% do corpo queimado. O filho dela e o pai de santo tentaram ajudá-la e também ficaram feridos. Nesta terça-feira (11), o pai de santo, conhecido como "Pai Carlinhos", de 68 anos, teve óbito confirmado.

Eles haviam sido levados para a Unidade de Pronto Atendimento de Riviera da Barra e, em seguida, por conta da gravidade dos ferimentos, foram transferidos para o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. 

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