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Polícia apura suposto crime de intolerância após morte de político no Paraná

Marcelo de Arruda foi baleado ao festejar aniversário com tema político. Agente penitenciário que atirou também foi atingido

Cidades|Do R7*

Um dos líderes do PT (Partido dos Trabalhadores) e guarda municipal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, foi assassinado em uma festa do próprio aniversário na madrugada deste domingo (10). O caso é investigado como intolerância política, mas ainda não há confirmação oficial da motivação do crime. A delegacia de homicídios da cidade apura as mortes.

O suspeito é agente penitenciário federal. Também baleado, ele foi autuado em flagrante e internado em estado estável em hospital. Até a noite deste domingo, continuava na UTI.

Segundo o boletim de ocorrência, o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, comemorava o aniversário com a temática do PT com amigos e familiares.

Durante a confraternização, o agente penitenciário federal, identificado como Jorge José da Rocha Guaranho, teria chegado ao local em um veículo Creta, acompanhado por uma mulher e uma criança.

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Conforme o relato de testemunhas, o agente federal teria descido do carro com uma arma na mão, gritado o nome do presidente Jair Bolsonaro e deixado o local. A festa continuou e o suspeito teria retornado, desta vez sozinho.

Ao perceber a presença do agente, a companheira de Marcelo, que é policial civil, se identificou e, na sequência, Marcelo teria relatado que era guarda municipal. O agente, então, atirou contra o guarda, que também estava armado e revidou. Os dois homens ficaram baleados na discussão.

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Socorristas do Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) foram acionados e prestaram atendimento às vítimas. Marcelo não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Guaranho foi internado em estado grave, em um hospital de Foz do Iguaçu.

O agente penitenciário é policial penal federal e trabalha na Penitenciária de Catanduvas, no Oeste do Paraná, que fica a cerca de 200 quilômetros de Foz do Iguaçu. As duas armas, do guarda e do policial, foram recolhidas e encaminhadas para perícia.

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O policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho e o guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda
O policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho e o guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda O policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho e o guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda

O corpo de Marcelo foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Foz do Iguaçu. O secretário municipal de segurança pública, Marcos Antônio Jahnke, lamentou a morte do guarda, que prestava serviços à cidade há 28 anos.

"Ele comemorava seus 50 anos em uma festa temática idealizada por ele mesmo. Infelizmente os fatos que decorreram disso, terminaram com a morte do nosso colega de trabalho. Caberá agora a Polícia Civil fazer a investigação para fazer a apuração definitiva desse fato, mas pelo que a gente percebeu foi um intolerância política aí de maneira totalmente traumática", disse o secretário.

Marcelo Aloizio de Arruda era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação havia 28 anos. Ele também era diretor da executiva do Sismufi (Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu). Ele era filiado ao PT e foi candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020.

O guarda municipal deixa a mulher e quatro filhos. O velório do servidor ocorre neste domingo no Cemitério Municipal Jardim São Paulo.

Repercussão

Após repercussão do caso, o presidente Jair Bolsonaro publicou post em rede social lembrando de mensagem de 2018. "Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", afirmou. 

A referência é sobre declaração dada durante a campanha presidencial de 2018, após a morte do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, assassinado a facadas em Salvador.

Bolsonaro criticou as manifestações que repercutiram nas redes sociais com uma possível escalada da tensão nas eleições. "Falar que não são esses e muitos outros atos violentos mas frases descontextualizadas que incentivam a violência é atentar contra a inteligência das pessoas. Nem a pior, nem a mais mal utilizada força de expressão, será mais grave do que fatos concretos e recorrentes."

O presidente afirmou que o crime deve ser apurado e que providências cabíveis sejam tomadas. "Assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 hora por dia", concluiu. 

Os presidenciáveis criticaram a violência e manifestaram preocupação com a tensão política. "Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda", escreveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em suas redes sociais.

O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) disse que o ódio político precisa ser contido. "É triste, muito triste, a tragédia humana e política que tirou a vida de dois pais de família em Foz do Iguaçu. O ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas."

A senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que o episódio reflete a polarização política. "Lamento profundamente as mortes violentas em Foz do Iguaçu. Me solidarizo com as famílias de ambos. Mas o fato é que esse tipo de situação escancara de forma cruel e dramática o quão inaceitável é o acirramento da polarização política que avança sobre o Brasil. Esse tipo de conflito nos ameaça enormemente como sociedade. É contra isso que luto e continuarei lutando", disse a presidenciáel em nota.

O deputado federal André Janones (Avante) afirmou considerar inexplicável que a "paixão" por convicções políticas seja capaz de causar tragédias. "O debate ideológico sem qualquer base racional leva a tragédia que vamos lamentar profundamente. Ninguém vai conseguir explicar essa paixão que leva um ser humano odiar o outro por convicções políticas diferentes. Hoje nós vamos lamentar, desejar condolências às famílias", escreveu em rede social.

O pré-candidato Luciano Bivar (União Brasil) descreveu como inadimissível episódios como esse. "Inadmissível onde chegamos. Esta doença 'política' contaminou nossa gente, até aqueles que amamos lá na casa da esquina", afirmou.

* Com informações de Gabriella Justo, da Record TV

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