A moeda mais forte do mundo não para de subir. Nos últimos dois anos, o dólar saiu de um patamar de R$ 1,72 (06/02/2012) para R$ 2,40 (06/02/2014). A variação no período chegou a 39,37%, segundo o diretor de câmbio do Banco Rendimento, Carlos Eduardo de Andrade.
A expectativa é de mais alta. De acordo com a previsão de analistas do mercado financeiro divulgada no último Boletim Focus do Banco Central, o câmbio pode chegar a R$ 2,47 neste ano.
Um dos fatores desta valorização foi o anúncio dos Estados Unidos da redução de estímulos monetário de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões mensais a partir deste mês, diminuindo mais um pouco o quantitativo de dólares que joga no mercado. Andrade explica que dinheiro é mercadoria.
— O dinheiro sendo uma mercadoria, quanto mais raro, mais vale, quanto mais abundante, menos vale.
Além disso, a situação econômica dos Estados Unidos vem melhorando com taxas de desemprego caindo para 6,7%. A perspectiva também é que o Banco Central americano comece a subir os juros básicos que hoje estão perto de zero. Se isso acontecer, com juros mais altos, a tendência é que as pessoas comprem menos e com isso a circulação da moeda diminua, valorizando ainda mais o dólar.
— Chega um momento que ele vai ter que trazer de volta todos os dólares que já colocou e faz isso subindo os juros. Com isso, as pessoas compram menos e colocam mais dinheiro em títulos do governo.
Porém Andrade pondera que o principal responsável por esse câmbio é mesmo o mercado interno brasileiro com uma economia que deve crescer menos de 2% neste ano, porém com um aumento geral de preços em quase 6%.
— O que deve acontecer nos Estados Unidos certamente não irá ajudar a moeda brasileira. (Mas) claramente o principal fator é uma maior desconfiança que o mercado tem com o governo e a política econômica, em geral.
Já para o diretor de gestão da Ativa Corretora, Arnaldo Corvello, um dos grandes problemas é o superávit fiscal do Brasil, que é quanto o País economiza em suas contas públicas para poder garantir o pagamento de juros de dívida. O ano passado fechou com o menor saldo em 13 anos, R$ 91,3 bilhões.
— O principal ponto de destaque é a questão fiscal, onde o Brasil vem piorando o seu quadro e caindo ano após ano. Nesse cenário, é difícil imaginar que você vai ter uma queda muito forte do dólar.
Países emergentes elevam os juros
Para conter a desvalorização de suas moedas e não perder investidores, o Banco Central da Índia elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual para 8% no mês passado. A Turquia acompanhou o mesmo movimento e subiu a taxa de 7,75% para 12%.
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O Brasil também vem numa crescente disparada da Selic há mais de seis meses. Em abril do ano passado, a taxa básica de juros estava em 7,5% e, em janeiro deste ano, chegou a 10,5%.
— O cenário externo é um pouco adverso para o real, favorece a alta do dólar e a gente tem todos os problemas locais que vêm fazendo com que o investidor internacional fique mais pessimista em relação ao Brasil.
Confira abaixo as cotações do dólar nos últimos dois anos: