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Apostas de Selic mais alta em setembro são prêmio, e não visão de política monetária, dizem especialistas

Economia|

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - Com a renovação dos temores sobre a situação turca, os investidores voltaram a colocar mais prêmio na curva de juros futuros, precificando apostas de que a taxa básica de juros no Brasil deve subir no próximo mês, mesmo em meio ao cenário de inflação e atividade econômica fracas.

Mas a visão geral, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, é de que esse movimento não reflete as avaliações sobre como o Banco Central vai conduzir a política monetária, de manutenção da Selic ao longo deste ano todo. Para eles, a taxa somente volta a subir em 2019.

"O mercado só opera se tiver prêmio. Dependendo das notícias que saem, vão colocando ou tirando prêmio da curva, em geral, baseados no risco. E o risco é grande, tanto local quanto externo", afirmou o chefe da mesa de renda fixa de uma corretora local.

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A curva a termo precificava nesta quarta-feira 85 por cento de chance de alta de 0,25 ponto percentual da Selic em setembro, próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, ante 70 por cento na véspera, com o restante indicando manutenção, segundo operadores.

No começo desta semana, a curva mostrava 100 por cento de chances de aumento de 0,25 ponto e, na sexta-feira passada, quando houve outro pico da crise turca e os mercados ficaram bastante nervosos, chegou a mostrar 92 por cento de chances de alta de 0,25 ponto na Selic e o restante, de 0,50 ponto.

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"A precificação vai ficando mais fiel (ao cenário econômico)quando vai chegando mais perto do encontro do Copom", acrescentou o profissional.

Para as outras duas reuniões do Copom neste ano, em outubro e dezembro, a curva dos DIs precifica cerca de 0,75 ponto percentual de alta de juro no total.

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No início deste mês, o BC manteve a Selic na mínima histórica de 6,50 por cento, mesmo patamar desde março, explicando que se não houver "choques adicionais, o cenário inflacionário deve revelar-se confortável".

Pesquisa Focus do BC mais recente, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostrou que as projeções são de que a taxa básica de juros do país deve seguir inalterada até o final do ano, subindo apenas em 2019, quando deverá terminar em 8 por cento.

O levantamento também mostrou que as estimativas de alta do IPCA estavam em 4,15 por cento neste ano, abaixo do centro da meta oficial de 4,50 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para a expansão da economia, as contas estavam em 1,49 por cento, depois de ficarem em 3 por cento poucos meses antes, o que também justifica a manutenção da Selic.

"Se nada der errado, o prognóstico da Focus pode mesmo se confirmar", acrescentou um operador de renda fixa de um banco nacional.

Os riscos para esse cenário envolvem o Federal Reserve, banco central norte-americano, que deve subir os juros mais duas vezes neste ano, e as eleições presidenciais no Brasil.

Há algumas semanas, os mercados financeiros globais vivem um verdadeiro turbilhão originado na Turquia, que trava uma disputa econômica e diplomática com os Estados Unidos, deixando os investidores muito cautelosos e evitando a tomada de risco em mercados de países emergentes, como o Brasil.

Só na semana passada, o dólar acumulou alta de mais de 4 por cento sobre o real e, nesta sessão, já era negociado perto do patamar de 3,92 reais.

O mesmo salto ocorreu nos DIs. A taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2021, um dos mais líquidos, subiu 0,67 ponto percentual na semana passada.

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