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Dólar atinge novo patamar perto de R$ 3,20. Saiba aproveitar

Moeda registrou em junho a maior queda mensal desde abril de 2003

Economia|Diego Junqueira, do R7

O dólar fechou em queda de 11% em junho, cotado a R$ 3,21, o maior recuo para um mês desde abril de 2003 — quando os mercados se acalmavam após a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Economistas e operadores do mercado financeiro alertam que ainda é difícil saber como irá se comportar a divisa nos próximos dias. As oscilações devem continuar, mas parece certo que a moeda norte-americana vá permanecer entre R$ 3 e R$ 3,30. Com a cotação mais baixa do que nos últimos meses, os setores de importações e de turismo serão os mais beneficiados.

Por que caiu tanto?

As principais explicações para a queda do dólar são de origem externa. A saída do Reino Unido da União Europeia causou um alvoroço no mercado financeiro, principalmente na sexta-feira (24) e segunda-feira (27). Mas os bancos centrais dos países da zona do euro já sinalizaram medidas para injetar dinheiro nas economias, dando respaldo para o período de incertezas que vem pela frente.

Além disso, os sinais de que os juros dos EUA não irão aumentar estão fortalecendo o fluxo de investimentos em países com altas taxas de juros, como o Brasil, onde o risco é elevado, mas o retorno é maior.

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Soma-se a isso o fato de que, por aqui, não há sinais de que a taxa Selic irá cair tão cedo.

“A abundância de dólares está direcionada a investimentos de risco. E o fator preponderante é os EUA”, diz Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

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— Na perspectiva de ter juros baixos lá [nos EUA], você direciona os investimentos para lugares com retorno maior. E segundo porque a queda dos juros aqui vai demorar para acontecer.

Vai cair mais?

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A pergunta de “1 milhão de dólares” é se a moeda americana continuará se desvalorizando e até quanto.

“Desde o começo do ano vejo o dólar a R$ 2,90. Básico da economia é oferta e demanda. Como a entrada de dólares está forte no país a consequência natural é a queda”, arrisca Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora.

"Embora a equipe econômica possa não estar ativamente perseguindo (o dólar mais fraco), parece improvável que aja para reverter a tendência atual, já que pode ajudar a ancorar as expectativas de inflação no longo prazo", escreveram analistas da consultoria de risco político Eurasia Group em relatório, citado pela agência Reuters.

O banco JPMorgan espera que o dólar termine o terceiro trimestre a R$ 3,35 e avance para R$ 3,50 ao fim deste ano.

Fato é que, depois da expressiva queda dos últimos dias, o BC resolveu agir. A gestão anterior do banco, sob Alexandre Tombini, usava com frequência um recurso para segurar maiores quedas da divisa: os leilões de swap reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro.

O recurso não é usado há mais de um mês, desde 18 de maio, mas será retomado nesta sexta-feira (1º). O BC anunciou ontem que as intervenções irão acontecer quando a moeda bater a casa dos R$ 3,20. Um indicativo de que o banco aposta neste patamar do dólar para a economia.

Se o mercado cambial vai atender às vontades do BC já é outra história.

“Foi fixado o mínimo de R$ 3,20 [pela nova gestão do BC para intervir no câmbio]. Mas ninguém tem certeza se a cotação se sustentará nos próximos dias”, explica o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec-RJ.

— Hoje o mercado tende a ficar por um bom tempo de maneira bastante especulativa.

Braga diz ainda que o humor do mercado financeiro depende das notícias que vêm da Europa e de como será, na prática, a saída do Reino Unido da União Europeia.

Como aproveitar?

Para quem tem viagem para o exterior, as notícias são boas. O dólar mais baixo deve reaquecer o turismo internacional, afetado por meses de dólar na casa dos R$ 4.

“Com o dólar acima de R$ 3,50, ficou muito caro viajar para o exterior. Tirou a classe média toda desse mercado”, diz Bergallo, da FB Capital.

A dica, neste caso, é a mesma para quando o dólar está em alta. Comprar a moeda aos poucos, aproveitando as quedas maiores da divisa, como aconteceu nesta semana.

Bergallo aponta ainda vantagens para o mercado imobiliário no exterior, cujas vendas de novas unidades chegaram a sofrer retração de 90%, diz.

O mercado de exportações e importações, logicamente, também acaba sendo afetado.

— Para importação e exportação é difícil de se programar. Mas isso [as flutuações] já faz parte desse mercado. Os exportadores foram favorecidos com esse dólar acima de R$ 4. Passou a onda do exportador e agora é a vez do importador.

Bergallo ressalta, contudo, que o cenário é de instabilidade ainda.

— Com a mesma velocidade que o capital entra, ele sai. Então, qualquer notícia ruim pode causar retração ou perda de ativos.

Braga concorda:

— É muito prematuro para se criar qualquer cenário mais duradouro.

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