A soma de todas as riquezas produzidas no Brasil ao longo dos dois últimos trimestres colocou o País em uma situação chamada de recessão técnica. Os dados apontam que o PIB (Produto Interno Bruto Nacional) apresentou quedas de, respectivamente, -0,2% e -0,6%, na comparação com os períodos anteriores.
Com os resultados negativos, o Brasil enfrenta uma situação que ocorreu pela última vez no primeiro trimestre de 2009, quando o País ainda colhia os reflexos da crise econômica mundial. O R7 consultou economistas para comentar a situação que mostra o baixo desenvolvimento da economia nacional.
De acordo com o professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Samy Dana, os dois resultados negativos seguidos colocam o Brasil em uma situação muito preocupante. “Esse dado é só mais um item que tira a credibilidade do governo, que vem fazendo, até então, um discurso de que a gente mora em um País onde a economia está ótima”, disse.
— Na prática, a gente está em recessão. Ninguém investe, as pessoas inadimplentes e a inflação não é zero. Eu vejo também que as pessoas estão com medo de perder o emprego, o que não acontecia há dois anos.
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Afinal, foi a Copa que derrubou a economia?
Antônio Correia de Lacerda, professor de economia da PUC, analisa alguns fatores que prejudicaram o desempenho da economia nos dois períodos do ano.
— No primeiro trimestre, uma queda de 0,2% é quase que uma estagnação. Agora, no segundo trimestre, a gente teve um impacto muito grande da diminuição do número de dias úteis trabalhados. Teve o efeito também da crise argentina, que diminuiu a produção de veículos.
Para Lacerda, grande parte do crescimento do consumo dos últimos anos veio em função da grande quantidade de importações, o que prejudicou a produção interna.
Futuro
Segundo Samy, se forem consultados 20 economistas, o que vai mudar é somente o grau de pessimismo de cada um.
— Eu, por exemplo, acho que a gente [Brasil] ainda tem chance de voltar a crescer em 2015. Outros [economistas] vão falar que os quatro próximos anos estão perdidos.
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Lacerda, por sua vez, diz que a situação ruim da economia deve persistir no terceiro trimestre, quando o País “não deve ter um desempenho muito espetacular”, mas melhorar com a proximidade do final do ano.
— Uma melhora só ocorrerá no quarto trimestre, o que significa que o nosso PIB este ano deve fechar próximo de zero.
Os economistas também comentaram sobre os desafios econômicos que terá o próximo governo ao assumir o poder em 2015. Entre eles, Antônio Lacerda cita a correção de preços administrados de combustíveis, tarifas urbanas e de energia elétrica.