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Inundações no Rio Grande do Sul devem encarecer arroz e carnes, dizem economistas

Estado é a quarta maior economia do país e responde por cerca de 70% da produção do principal grão no prato do brasileiro

Economia|Emerson Fonseca Fraga, do R7, em BrasíliaOpens in new window

RS é maior produtor de arroz do país (Agência Brasil/Reprodução — Arquivo)

As inundações causadas por temporais no Rio Grande do Sul devem encarecer alimentos como arroz, soja, milho, trigo e carnes, além do frete em geral, dizem economistas ouvidos pelo R7 nesta segunda-feira (6). O estado é o maior produtor do principal alimento do prato brasileiro — responde por cerca de 70% do total de arroz no país. Para este ano, a expectativa é colher 7,47 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

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As carnes também devem ficar mais caras em razão da alta esperada no preço dos grãos. “Justamente por conta da ração (soja e milho), poderemos ter elevação no preços das carnes. Entendo que os principais impactos poderão ser vistos a partir de junho”, afirma Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultoria. Outros alimentos, por consequência, devem ter o preço elevado. “Acredito que vai afetar os preços de leite e derivados, milho, soja e alguns in natura — neste último caso, com impacto sobretudo regional, no Sul”, explica.

O impacto da tragédia poderá ser sentido na inflação oficial, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que abrange todo o país, diz Romão. “A princípio, pensando em varejo, nossa projeção para o subgrupo Alimentação e bebidas no IPCA (supermercados) em 2024 passou de 3,9% para 4,5%, jogando, todo o mais constante, 0,11 ponto percentual no IPCA. Ou seja, por exemplo, um IPCA anual de 3,7% poderá passar para 3,8%”, calcula.

O cenário, contudo, pode ser ainda pior, como explica o economista André Braz, do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). “Para medir a inflação a gente precisa ir nos locais de compra, ir ao comércio varejista, onde as famílias consomem os produtos, e muitos comércios não estão funcionando. Muitos foram afetados, foram inundados, as mercadorias foram desperdiçadas. Até o trânsito nas ruas está sendo evitado, exatamente para garantir a segurança das famílias. Então, a coleta de preços também fica comprometida, a gente tem mais dificuldade de medir a inflação real no meio desse cenário.”

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Sobre a soja, Braz explica que, embora seja um produto tabelado internacionalmente, a tragédia no Rio Grande do Sul pode afetar especialmente o escoamento, provocando uma alta de preços em cadeia. “Isso pode sim promover algum aumento no preço da carne, do leite e também das aves, já que a criação de aves também pode ficar comprometida, tanto pela questão logística quanto também pelo aumento do preço do milho”, afirma Braz.

O arroz, no entanto, deve ser o mais afetado, apesar da colheita ter terminado em abril na maioria das lavouras. “Acho que mesmo que essa tragédia tenha acontecido depois do auge da colheita, ficam os prejuízos e a dúvida de como vai ser a próxima, de como essa chuva compromete o solo, não só para arroz, como para outras culturas que são importantes. Chuvas nessa proporção impedem a colheita e impedem também o plantio. Isso atrasa ciclos produtivos, mas a gente só vai ter certeza do tamanho desse estrago quando a chuva finalmente baixar, porque vai depender da cultura”, analisa o economista.

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Os prejuízos são também na circulação de produtos e no preço do frete, segundo ele. “Uma tragédia nessas proporções deixa rastros, e tem prejuízos logísticos também, tem coisas que vão estragar, que estavam em condições que ficaram comprometidas com as enchentes, tem coisas que vão ficar impedidas, a logística não permite o transporte, porque muitas pontes caíram, muitas estradas continuam comprometidas e vão ficar ainda por mais alguns dias, e ainda há um risco com a chegada da frente fria na quarta-feira dessas condições ainda não melhorarem no curto prazo, desse período de inundação ainda se estender por mais algum tempo”, avalia Braz.


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