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Preço dos remédios para intubação sobe 663% na pandemia da covid

Levantamento é da Confederação Nacional de Saúde, que alerta que hospitais estão com estoque para três a quatro dias apenas

Economia|Sophia Camargo, do R7

Procedimento de intubação exige sedação do paciente
Procedimento de intubação exige sedação do paciente Procedimento de intubação exige sedação do paciente

Os medicamentos usados no tratamento da covid-19 em UTI, mais especificamente o chamado “kit intubação”, tiveram uma alta de mais de 660%, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde).

A entidade, que reúne oito federações de hospitais, laboratórios e clínicas particulares de todo o Brasil, além de 90 sindicatos de saúde, fez um levantamento com seus associados que mostrou o aumento de preços e de uso dos medicamentos mais utilizados para intubação orotraqueoral. A utlização desses medicamentos deu um salto de mais de 2.000% em alguns casos, como do medicamento rocurônio, utilizado para sedação.

Leia mais: Preço de remédios contra sintomas da covid-19 dispara em hospitais 

Em julho de 2020, a Federação Nacional dos Hospitais, Laboratórios e Clínicas do Estado de São Paulo (Fehoesp) já havia enviado ofício ao Ministério informando que havia constatado aumento de 1.000% nos preços. 

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Segundo o presidente da CNSaúde, Breno Monteiro, anestésicos, sedativos e relaxantes musculares que são usados para intubar o paciente, como propofol (usado para sedação), passou de R$ 28,60 antes da pandemia para R$ 183 em março de 2021, uma alta de 539,86%. A maior alta foi do relaxante muscular Midazolam que custava, antes da pandemia, R$ 22,78 e agora custa, em média, R$ 174, um aumento de 663,83%.

Outros medicamentos pesquisados foram o bloqueador muscular atracúrio, que passou de R$ 32,10 para R$ 205, aumento de 538,63%; o rocurônio, que foi de R$ 33,33 antes da pandemia para R$ 202 agora (aumento de 506,06%) e cisatracúrio, que antes custava R$ 36,12 e agora custa R$ 205 (aumento de 467,55%).

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Estoque de medicamentos está no fim

Já a necessidade de utilização destes medicamentos chegou a ter alta de mais de 2.200% na pandemia, caso do rocurônio, que tinha média de utilização de 150 frascos por mês e que agora, de acordo com o levantamento da CNSaúde, chega a 3.500 frascos por mês (aumento de 2.233%). 

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Por isso mesmo, segundo Monteiro, a alta do preço dos medicamentos não é só o que preocupa as entidades, mas o fato de que, mesmo com preços elevados, não está mais sendo possível conseguir comprar os medicamentos, já que está difícil encontrar os produtos para vender.

“Temos estoques que devem durar de três a quatro dias, depois disso, não teremos mais como manter os pacientes intubados porque sem sedação nenhum ser humano consegue suportar um tubo enfiado na garganta.”

"A alta dos preços era o pior cenário que vínhamos encontrando até a semana passada, mas nessa semana tudo piorou porque nossos associados não conseguem mais nem comprar o medicamento, porque não tem mais estoque."

“Temos estoques que devem durar de três a quatro dias%2C depois disso%2C não teremos mais como manter os pacientes intubados porque sem sedação nenhum ser humano consegue suportar um tubo enfiado na garganta.”

(Breno Monteiro, presidente da CNSaúde)

No site das empresas farmacêuticas Cristalia e União Química, há um comunicado informando que foram entregues medicamentos para intubação ao Ministério da Saúde, mas sem prejuízo dos contratos firmados com hospitais particulares.

A reportagem pediu esclarecimentos sobre a regulação de estoques e preços dos medicamentos ao Ministério da Saúde. O espaço está aberto à manifestação.

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