Sem dinheiro para contratar mais professores, a Unesp (Universidade Estadual Paulista) tem incentivado aulas a distância para suprir a demanda de novos conteúdos em seus cursos de licenciatura. Professores temem queda de qualidade, mas a reitoria garante manter a excelência no modo semipresencial.
Em crise, a Unesp gasta quase 95% da sua receita com a folha de pagamento.
Na semana passada, a reitoria enviou ofício a dirigentes de unidade sobre a reestruturação das 48 licenciaturas da Unesp. Segundo norma aprovada pelo CEE (Conselho Estadual de Educação) em 2012 e ajustada neste ano, os cursos de Pedagogia e licenciaturas, que formam professores para o ensino básico, devem ser reformulados.
A regra do conselho prevê várias mudanças: a principal delas é reservar 30% da carga horária para atividades didático-pedagógicas, de caráter mais prático. A proposta é tornar a formação menos teórica. Entre 2012 e este ano, as três universidades estaduais tentaram derrubar a norma, mas não tiveram êxito.
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A reitoria orienta a não elevar a carga horária e aproveitar a equipe atual de docentes para os novos conteúdos.
— A ampliação do quadro de professores está vetada, reforça o ofício.
Nos casos em que não houver profissionais com formação necessária para dar conteúdos específicos, são recomendadas disciplinas semipresenciais. Pela lei nacional, 20% do curso pode ser nessa modalidade. Outras graduações da Unesp não receberam essa orientação. Não há levantamento sobre a demanda total de professores.
Necessidade
O pró-reitor de Graduação, Laurence Colvara, diz que toda reformulação segue a regra do conselho. A decisão de não aumentar a carga horária, segundo ele, é para manter a atratividade das carreiras.
Colvara ainda garante a qualidade do conteúdo semipresencial.
— Há, nesta mesma universidade, expertise e larga experiência nesta modalidade, defende.
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A Unesp, em parceria com outra instituição, já ofereceu um curso de Pedagogia inteiramente semipresencial, além de outras disciplinas no formato.
Essa também é uma saída para aproveitar docentes de outros câmpus. Como a Unesp está espalhada por 24 municípios, o formato semipresencial facilita que um professor ajude na licenciatura de outra unidade.
Maria Valéria Barbosa, da Associação de Docentes da Unesp, acredita que a medida vá piorar as licenciaturas.
— Isso não é proposto a outros cursos considerados mais importantes, reclama.
— É preciso contratar mais professores.
Guiomar Namo de Mello, do CEE, diz que as instituições têm autonomia para organizar os cursos, se respeitarem as regras.
— Semipresencial com qualidade não é simples. Mas, se bem feito, é econômico e otimiza o tempo dos professores.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.