Na reta final da corrida à Prefeitura de Belo Horizonte, os candidatos Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB) participaram do debate da Record Minas neste domingo (23), marcado por troca de acusações pessoais e provocações.
Já no primeiro bloco, onde houve confronto direto entre os dois, com perguntas e respostas, o candidato e deputado estadual do PSDB afirmou que Kalil tem uma dívida de R$140 milhões de fundo de garantia e aposentadoria dos funcionários. O empresário ironizou a pergunta e disse que a acusação é mentirosa.
— Quem dera minha empresa tivesse a pujança de dever R$140 milhões. Isso é uma barbaridade, é criminoso. Ele está desestabilizado por causa das pesquisas. Vamos parar de mentir e falar de proposta.
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Sobre as acusações feitas, Kalil justificou que o candidato tucano estaria “desorientado” com os resultados do último levantamento, realizado pelo Ibope, que aponta o empresário na liderança das intenções de votos em BH.
O empresário Alexandre Kalil iniciou o debate perguntando a João Leite como ele pretende reduzir os gastos da prefeitura de Belo Horizonte com os "penduricalhos políticos". Em resposta, o candidato acusou Kalil de um ampla aliança com Marcio Lacerda, atual prefeito, na campanha de 2004 .
O candidato do PHS perguntou a João Leite se ele poderia explicar um projeto proposto que previa a construção de um bonde teleférico no hipercentro da capital mineira. O tucano afirmou que responderia, mas, inicialmente, desviou o assunto e comentou sobre sua formação acadêmica em história e afirmou que passou pelo Clube Atlético Mineiro em um período de glória do time.
Ainda antes de explicar a construção do bonde, o candidato João Leite declarou que havia apresentado o plano de governo de sua candidatura desde o mês de agosto, enquanto, segundo ele, Kalil o teria feito neste sábado (22). Por fim, Leite citou a construção de um bonde na parte histórica do centro de BH para fomentar o turismo local.
Kalil retrucou a restposta do adversário e questionou a capacidade de administração do deputado. Com a mensão do clube mineiro, do qual João Leite foi goleiro e Kalil presidente, o ex-cartola continuou as ironias.
— Nunca tocou nem loja de vitamina na vida. Só botou calção e gravata. Aliás, se essa agressividade fosse contra o Nunes, não tinha tomado aquela bola que passou.
No final do primeiro bloco, o tucano voltou a lembrar sobre as dívidas do candidato do PHS aos seus funcionários. Kalil devolveu a acusação citando nomes de condenados pela Justiça por crimes, que teriam penas atenuadas com a ajuda de Leite.
Segundo Bloco
O segundo bloco, no qual os candidatos responderam perguntas sobre assuntos definidos pela emissora, foi marcado por um clima ameno no início, por causa da especificidade das questões. Apesar disso, a troca de acusações sobre a vida pessoal entre os candidatos, movimentou as discussões no decorrer da escolha das temas.
O primeiro assunto sorteado, ao vivo, foi “enchentes”. Sobre isso, Alexandre Kalil perguntou a João Leite quais seriam as propostas dele em relação às áreas com risco de alagamento em BH, durante o período de chuvas. Leite lembrou vários pontos de risco na capital e disse que a atual gestão do município já tem recursos definidos para financiar as obras necessárias para correção dos problemas.
Segundo ele, o atual governo também já teria um projeto viável. O candidato do PHS completou a pergunta dizendo que, para ele, seria necessária uma remoção rápida da população que mora nessas áreas.
Sobre o tema “alianças políticas”, o deputado João Leite perguntou ao concorrente o que ele faria, se eleito, para mobilizar o parlamento, a favor dos projetos , e para conseguir recursos financeiros para a cidade. Em referência às alianças entre os partidos políticos, Kalil diz que não é necessário “essa sopa de letras na cidade”. O empresário explica que seu objetivo é conseguir o apoio da maioria dos vereadores nos projetos da Câmara e que ele vai trabalhar para que os legisladores municipais sejam um apoio para o prefeito e não rivais.
Leite voltou falar de uma possível relação entre Kalil e o atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que teria rendido à empresa do candidato contratos que chegaram a R$ 50 milhões. Alexandre Kalil respondeu dizendo que o dinheiro recebido pela empreiteira que pertence a ele foi ganhado a partir de obras realizadas para a prefeitura e que foram concluídas.
O tema “ataques na campanha” foi sorteado para Alexandre Kalil formular uma pergunta ao concorrente. Na oportunidade, Kalil afirmou saber que o adversário mantinha um sentimento de afinidade por ele. Como resposta, Leite disse a fala do empresário era verdadeira, mas que sua opinião teria mudado após ele conhecer o “verdadeiro Kalil”.
As acusações continuaram e João Leite lembrou a declaração do candidato do PHS, em um debate realizado na última sexta-feira (22), no qual o empresário teria dito que roubava, mas que não pedia propina. O candidato do PSDB aproveitou se defender da ligação que Kalil fez entre ele e supostos criminosos, durante o primeiro bloco e alfineta.
— Eu não defendo nenhum bandido. Eu não estou te defendendo e você está condenado.
O último assunto sorteado para os aspirantes à prefeito de BH foi “reajuste da tarifa de transporte público”. O candidato João Leite confrontou Kalil dizendo que o contrato de licitação das empresas de ônibus que circulam atualmente na cidade teriam sido celebrados durante a gestão de Fernando Pimentel (PT) na prefeitura, com Paulo Lamac (Rede), vice-candidato da chapa do PHS, como líder do Governo na Câmara. Sobre a insinuação, o empresário disse que Leite estaria mentindo e retrucou com uma acusação de que o Governo tucano teria deixado a administração da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) aos cuidados das empresas de ônibus da cidade.
Por fim, Alexandre Kalil encerrou o bloco afirmando que deve uma dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), como apontado pelos concorrentes à PBH, mas disse que João Leite seria proprietário de um imóvel nos Estados Unidos.
— Eu devo IPTU , mas o João Leite tem apartamento em Miami, sem ter trabalhado na vida.
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Terceiro Bloco
No terceiro bloco, os políticos voltaram a confrontar diretamente, com tema livre, no formato de pergunta e resposta. Alexandre Kalil iniciou respondendo a João Leite sobre a sua proposta para combater à violência e as drogas e disse que pretende unir a Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil.
Em seguida, o candidato do PHS indagou o deputado estadual sobre as medidas que pretende tomar para diminuir as mortes por causas externas. João Leite respondeu que pretende implantar o Rede Cuidar.
— Cada ponto de Belo Horizonte que tiver qualquer possibilidade de perda vida humana, vamos estar atentos e vamos universalizar o programa de saúde da família.
Em seguida, Kalil ironizou dizendo que mortes externas não estão ligadas à saúde e sim, à violência, suicídio ou trânsito e, caso seja eleito, fará campanhas de alerta e colocará a polícia na rua por prevenção.
O tucano provocou lembrando de declarações do outro candidato sobre religião, mulher e futebol divulgadas em redes sociais. Kalil destacou que era uma brincadeira.
— Isso chama-se desespero. Eu sou um caro bem humorado, alegre e tudo foi uma brincadeira. Acho que o eleitor não é burro de pensar que prefiro dormir com uma lata do que com uma bela mulher.
Para terminar o bloco, Alexandre Kalil perguntou quais foram os projetos de educação criados por João Leite durante os 24 anos de deputado estadual. O candidato do PSDB disse que implantou os jogos escolares e foi o autor do projeto que levou o xadrez para todas as escolas.
Quarto Bloco
Dedicado apenas a conclusões finais dos candidatos, sem a realização e resposta de perguntas, o último bloco foi um momento de agradecimento para o candidato João Leite. Assim como no debate promovido pela Record Minas no primeiro turno, Leite fez referência à imagem do pai. Ele lembrou que o pai foi policial durante o governo de Juscelino Kubitschek e disse que JK e o senador Aécio Neves (PSBD) foram os homens que mais trabalharam para o Estado de Minas Gerais. Durante a fala, o deputado dedicou agradecimento, ao também senador tucano, Antônio Anastasia. O candidato se disse “orgulhoso” por esses que “vieram antes” e que espera ser o governante do povo.
Já Alexandre Kalil disse que não tinha ninguém a agradecer, com exceção dos eleitores. O candidato aproveitou, ainda, para reafirmar suas ideologias e disse que o “embate” que ele defende não é contra os adversários políticos, mas contra o sofrimento pelo qual os belo-horizontinos estariam passando. Antes de finalizar, Kalil manteve o clima que predominou na noite e apresentou mais duas críticas contra o adversário. Segundo ele, todos os nomes, com exceção de JK, citados por João Leite, serão deixados de lado caso seja eleito. E, para encerrar, o empresário se dirigiu aos professores da capital dizendo que recebeu um projeto envolvendo a educação que teria sido vetado pelo deputado João Leite.