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Maioria no país, negros são 35% dos candidatos a prefeito registrados

Entre postulantes a vice, brancos também são mais da metade: 59%, diante de 39% de pretos e pardos. Negros formam maioria para vereadores

Eleições 2020|Guilherme Padin, do R7

Para professora, não há vontade política em mudar este panorama
Para professora, não há vontade política em mudar este panorama Para professora, não há vontade política em mudar este panorama

Findado o processo de registro dos candidatos nas eleições municipais de 2020, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recebeu mais de 546 mil candidaturas entre os cargos disputados para o pleito. Dos 19,1 mil que se registraram ao posto de prefeito, somente 35% são negros, em um país onde são maioria (56,2%) na população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para estas eleições, somados pretos (4,2%) e pardos (30,8%), os candidatos a prefeito negros são 6.703. Já os brancos são 12.110, ou seja, 63,2% do total. A lista se completa com amarelos (0,5%), indígenas (0,2%) ou candidatos sem informação de sua cor (1%). Entre os postulantes às vice-prefeituras, a maioria também é branca: são 59%, diante de 39% de candidatos negros. 

Todos os dados foram coletados pela reportagem do R7 no site do TSE até as 16h desta segunda-feira (28).

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Para a cientista política e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) Rosemary Segurado, a maioria branca entre esses candidatos indica o que é o preconceito racial no país. “A inserção do negro na política tende a ser a expressão do que a inserção dos negros em outras esferas da sociedade”, aponta Segurado.

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A professora aponta que, para que se alcance “uma reparação mínima” em relação ao racismo e as mazelas sociais vividas pela população negra, é fundamental que haja a inclusão dos negros na política.

Veja também: O que sua cidade mais precisa? Vote!

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No entanto, ela acredita que não existe vontade por parte dos personagens envolvidos na política em mudar este panorama: “a classe política que manter a população negra fora desse processo”. O que há, na avaliação dela, é uma pressão grande dos movimentos negros para que a representatividade seja reconhecida e o negro tenha espaço na sociedade, de modo geral, e na política.

“O racismo é problema da sociedade brasileira, não é dos negros. Uma sociedade que não se reconhece racista até hoje, embora tenha práticas reiteradas de racismo. Uma delas é a subrepresentação dessa população”, conclui.

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Pela 1ª vez, há mais candidaturas negras do que brancas

Esta é a primeira vez em que a quantidade de candidaturas de negros – considerando postulantes a prefeito, vice e vereador – supera a de brancos.

Negros são 49,8% do total de candidatos, enquanto brancos somam 47,8%. Amarelos (0,3%), Indígenas (0,4%) e aqueles que não tiveram a informação identificada (1,6%) completam a lista.

O aumento é puxado significativamente pelos candidatos a vereadores: entre os pouco mais de 500 mil, 51,8% são pardos ou pretos. Já brancos são 46,7% dos vereadores registrados para este pleito.

“Nos próximos anos e processos eleitorais, a mudança vem à medida em que o racismo entrar na agenda global – não só no Brasil. Vemos isso pela repressão policial dos EUA, que gerou manifestações de solidariedade inclusive em vários países da Europa. É muito importante que se mantenha, e que essa pressão da sociedade seja capaz de colocar definitivamente esse debate racial em âmbito brasileiro para haver mudanças nesse processo”, avalia Rosemary Segurado.

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