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Polarização provoca mais violência contra candidatos, diz especialista

Para cientista político Roberto Gondo, rixas, disputas pelo poder, envolvimento com facções e ranços familiares também motivam crimes

Eleições 2020|Cesar Sacheto, do R7

Peritos examinam carro em que morreram Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio
Peritos examinam carro em que morreram Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio Peritos examinam carro em que morreram Marielle Franco e Anderson Gomes, no Rio

A polarização da política, somada à disputa pelo poder no parlamento ou no Executivo de determinada cidade, pode provocar o crescimento dos crimes contra candidatos nas eleições em todo o país, avalia o cientista político Roberto Gondo, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo.

Como exemplo mais icônico, Roberto Gondo cita o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro, quando também morreu o motorista de aplicativo Anderson Gomes. Para o sociólogo, ficou evidente que a parlamentar foi retaliada porque estava investigando casos suspeitos e "colocando o dedo na ferida" de pessoas que não queriam a exposição de suas atividades.

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"Obviamente que a polarização faz com que as pessoas fiquem com os nervos mais aflorados. E a briga pelo poder também é um ponto importante, tanto na Cãmara de Vereadores como no Executivo de uma cidade, porque faz realmente aflorar os sentimentos mais malucos e agressivos. Isso pode ocasionar a incidência de aumento de crimes", explicou o cientista político.

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De acordo com pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, 85 políticos que registraram candidaturas nas eleições deste ano para disputar cargos de vereador, vice-prefeito e prefeito foram assasinados em todo o território nacional. A soma diz respeito aos atentados praticados até o dia 20 de novembro.

Brigas políticas e crime organizado

Roberto Gondo avalia que o período de eleições municipais expõe ainda mais os candidatos à violência, porque mobilizam um número maior de pessoas na disputa, normalmente concorrentes à vereança e principalmente em cidades muito pequenas.

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"Temos essa realidade em cidades pequenas e cidades cosmopolitas, onde há desigualdade social muito grande. Vamos pensar no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense, onde aconteceram mortes de candidatos a vereador. Você tem o papel das milícias no Rio, o papel do crime organizado."

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O professor universitário Roberto Gondo ressaltou que não é possível afirmar ser os atentados são motivados por um suposto envolvimento desses políticos com organizações criminosas, mas é fato que alguns candidatos possuem uma rede de contatos desconhecida e talvez escusa. "Sabemos que o crime organizado tem envolvimento de pessoas na política que o representam e têm interesses".

Causas da violência

Por outro lado, o professor explicou que algumas rixas locais e ranços familiares podem funcionar como estopins de ações criminosas contra candidatos. "Dou um exemplo do prefeito assassinado a mando do irmão. Prenderam essa pessoa. São estatísticas que não dá pra colocar que foi por causa de um problema político 'x' ou 'y'", completou.

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Segundo Roberto Gondo, outros componentes diferenciam os casos de assassinatos ou agressões de políticos em época de eleições, como aspectos culturais, os costumes da população de determinada região e até o tamanho da cidade — se capitais, grandes municípios ou situados em regiões metropolitanas.

"Há pesquisas que apontam que, em cidades menores, o consumo do álcool é muito maior e as pessoas vão para a violência pelo sentido de honra ou não de não deixar desaforos de lado. Você tem um pouco do machismo mais interiorano. Mas os centros urbanos detêm o maior número de quadrilhas, gangues, que podem ocasionar esses crimes. Existe uma série de fatores e obviamente a brutalidade, principalmente em áreas periféricas", finalizou Roberto Gondo.

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