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8 a cada 10 jovens imigrantes sofreram abusos, diz relatório

Denúncia do Unicef e OIM analisa rota pelo Mediterrâneo central

Internacional|Ansa

Mulheres e crianças são os mais afetados pelo deslocamento forçado
Mulheres e crianças são os mais afetados pelo deslocamento forçado Mulheres e crianças são os mais afetados pelo deslocamento forçado

"Se você tenta fugir, eles atiram. Se para de trabalhar, eles te batem. Como escravos, no final do dia eles te trancam". Essa é a experiência de Aimamo, de 16 anos, em sua passagem pela Líbia, durante o processo de viagem da Gâmbia à Itália ao lado do seu irmão gêmeo Ibrahim. O relato da jovem garota é uma das severas experiências reunidas no relatório "Viagens Desoladas", realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Internacional para as Imigrações (OIM).

O documento reúne o testemunho de 22 mil imigrantes entre os anos de 2016 e 2017, sendo 11 mil deles adolescentes e menores de idade.

A partir do relatório, divulgado na segunda-feira (11), foi constado que a rota da Líbia para a Itália é uma das mais perigosas do mundo para os jovens. Segundo o documento, oito a cada 10 crianças — 77% — que fazem a rota imigratória do Mediterrâneo central foram vítimas de abuso, exploração ou tráfico. O número é bem superior aos 17% que fugiram pelo Mediterrâneo oriental.

Das crianças que passaram pelo Mediterrâneo central, 72% das adolescentes do sexo feminino sofreram algum abuso sexual, enquanto 86% dos jovens do sexo masculino foram explorados com trabalhos escravos.

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Os adolescentes provenientes da África subsariana são os que mais sofrem abusos. O relatório constata também que viajar sozinho e o baixo nível de escolaridade são os principais fatores de vulnerabilidade. A pesquisa aponta que o maior números dos jovens imigrantes saíram da Gâmbia, Guiné, Eritréia e Bangladesh, e que pagaram entre 1 mil e 5 mil euros para chegarem à Europa. O objetivo deles é construir uma nova vida na Itália (34%), Alemanha (24%) ou França (10%).

Com a alta quantidade de menores de idade chegando à Europa, o Unicef e a OIM pediram à União Europeia (UE) para que cuide dos imigrantes através da abertura de canais seguros, combate ao tráfico, exploração, xenofobia e racismo. Além dessas demandas, a OIM pede para que encerre as detenções de jovens imigrantes na Líbia. No entanto, para isso acontecer, a União Europeia deveria se reunir com as autoridades do país.

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O diretor regional europeu da OIM, Eugenio Ambrosi, lembrou a União Europeia para realizar uma gestão na fronteira "amigável para as crianças", usando os recursos e financiamento da Frontex, a Agência Europeia de Guarda de Fronteira e Costeira.

Já Sandie Blanchet, diretora do Unicef em Bruxelas, na Bélgica, condenou as medidas de impedir a chegada de imigrantes da Líbia.

"Inaceitável. É claro que este não é um lugar seguro para as crianças e suas famílias", concluiu.

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