A jornalista norte-americana Bari Weiss, uma das editoras da seção de opinião do New York Times, deixou o jornal nesta terça-feira (14), alegando sofrer "perseguição" e "bullying" dentro da redação por conta de suas opiniões.
Em uma carta publicada em seu site pessoal, ela diz não ter sido protegida pela empresa e alega ter sido chamada de "nazista" e "racista" por parte dos colegas. E conta que foi contratada em 2017 como uma maneira de dar voz a opiniões que "normalmente não apareceriam no jornal", como centristas e conservadores.
O motivo seria uma "falha" do Times em prever a vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 2016. Mas ela alega que nos últimos meses vinha sofrendo pressão de colegas e que o jornal teria permitido que redes sociais como o Twitter se tornassem o "verdadeiro editor" da publicação.
Artigo controverso
O momento de maior tensão aconteceu há pouco mais de um mês, quando o jornal publicou um artigo escrito pelo senador republicano Tom Cotton, que defendia o uso de militares para conter os protestos contra o racismo e a violência policial nos EUA após a morte de George Floyd durante uma abordagem policial em Minneapolis.
O artigo foi defendido por Weiss, que chegou a falar em uma "guerra civil" dentro da redação na época. Mais de mil funcionários assinaram uma carta em que condenavam o texto e o jornal incluiu um adendo afirmando que o artigo do senador foi publicado de maneira "apressada" e com problemas de checagem, de diversas acusações que ele fazia.
Em sua carta, Weiss reclama que "artigos que poderiam ser publicados dois anos atrás agora podem custar o emprego de editores" e acusa o jornal de silenciar algumas vozes. Ela também afirma que apenas artigos contra o presidente Donald Trump são aprovados sem questionamento.