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Austrália: mudança climática e imigração marcam eleições

Durante a última década, a política energética foi o calcanhar de Aquiles dos sucessivos governos progressistas e conservadores no país

Internacional|Da EFE

Candidatos no último debate antes da eleição
Candidatos no último debate antes da eleição Candidatos no último debate antes da eleição

Imigração e mudança climática são duas das questões que mais polarizam o debate político na Austrália, cujo novo governo será definido nas eleições deste sábado.

Durante a última década, a política energética foi o calcanhar de Aquiles dos sucessivos governos progressistas e conservadores no país. A Austrália é um grande exportador de carvão e um dos países que mais sentem os efeitos do aquecimento global.

O ano passado foi o terceiro mais quente desde que os registros de temperatura começaram a ser feitos, e o sudeste do país sofre a pior seca do último século. Enquanto isso, um dos principais patrimônios naturais australianos, a Grande Barreira de Coral, se recupera de dois episódios seguidos de branqueamento que causaram uma mortalidade em massa dos corais.

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Por esses motivos, 44% da população australiana está preocupada com a mudança climática (a média global é de 37%), e os protestos para cobrar ações a respeito do tema têm se tornado cada vez mais frequentes.

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O governo de Scott Morrison, candidato à reeleição pela coalizão Liberal-Nacional, propôs reduzir entre 26% e 28% as emissões de gases poluentes em 2030 com base nos níveis de 2005, meta que a organização independente Climate Council não acredita que será cumprida.

Morrison, que como ministro do Tesouro compareceu ao Parlamento com um pedaço de carvão para defender o uso do mineral para gerar eletricidade, promoveu um controverso sistema de incentivos para reduzir emissões.

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"A emissão de gases poluentes aumenta de forma constante desde 2013 (ano da volta dos conservadores ao poder)", disse à Agência Efe o diretor do Instituto da Mudança Climática da Universidade Nacional da Austrália, Mark Howden, que garantiu que a atual política de geração energética "não funciona".

O Partido Trabalhista, que lidera as pesquisas, respondeu com uma proposta para elevar a 45% a redução das emissões na próxima década e promover o uso de veículos elétricos.

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A legenda liderada por Bill Shorten, no entanto, evitou reviver o imposto sobre as emissões de dióxido de carbono (CO2) introduzido em 2012, que foi duramente criticado pelos conservadores, embora tenha sido aceito pelas grandes empresas e contribuído para a queda do último governo trabalhista.

Outro assunto em alta é a imigração, condicionada desde 2012 pela polêmica política de levar solicitantes de asilo a centros de detenção. A medida foi reintroduzida depois que uma embarcação com 17 mil imigrantes, a maioria procedente de zonas em conflito, chegou ao país neste ano.

Criticada pela ONU e grupos de defesa dos direitos humanos por esta política, a Austrália aceitou em 2019 retirar todos os menores de idade dos centros em Nauru e Papua Nova Guiné, além de levar os adultos a seu território por razões médicas.

Os dois principais partidos compartilham a posição de firmeza no controle da fronteira, que em abril levou Morrison a congelar a cota anual de admissão de refugiados em 18.750, mas os trabalhistas defendem a criação de mais acordos para acolher refugiados com outros países, como a Nova Zelândia.

O governo também reduziu a cota de entrada de imigrantes permanentes de 190 mil para 160 mil, diante do crescente mal-estar da população pelo aumento da pressão demográfica em infraestruturas e serviços nas principais cidades, especialmente Sydney e Melbourne.

A Austrália, um país de imigrantes e próximo da Ásia, recebeu pessoas de todas partes do mundo que chegaram sob um programa de imigração assistida há mais de 50 anos.

Apesar de ter um território de mais de 7,6 milhões de quilômetros quadrados, os mais de 24 milhões de habitantes do país se aglomeram nas cidades da faixa litorânea do sudeste em detrimento das zonas rurais e do interior.

Por isso, o último governo acrescentou novos requisitos à concessão de vistos a solicitantes cujas profissões são mais desejadas, incluindo a condição de residir pelo menos três anos em zonas rurais ou cidades médias para solicitar a residência permanente, assim como um sistema de incentivos para reconduzir o fluxo migratório.

"O governo nos ofereceu todas as garantias migratórias, um visto de trabalho para ele, ajuda econômica para as passagens e as despesas de mudança", disse a jornalista colombiana Juliana Moncada, que, junto com o marido, que é engenheiro eletrônico, se mudou para Wagga Wagga, a 460 quilômetros a sudoeste de Sydney.

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