Os brasileiros que moram em Paris estão assustados e relatam medo de novos atentados terroristas na cidade depois do sequestro em um pequeno mercado nesta sexta-feira (9) e o ataque contra a redação do jornal Charlie Hebdo na quarta-feira (7).
As ruas estão cheias de policiais, especialmente nos pontos turísticos, a população evita usar o transporte público como metrô e ônibus e o trânsito da capital francesa está caótico.
A fisioterapeuta Andréia Florence, que vive em Paris faz um ano e meio, deixou de pegar metrô, como fazia habitualmente, afirma que “os supermercados e algumas lojas estão com aviso de alerta de atentado” e relata que os franceses estão dentro de casa por mais segurança.
— O trânsito está bem mais caótico porque as pessoas estão pegando mais carro para evitar metrô e ônibus. Toda hora tem comboios de polícia, eles estão muito armados. Eu não vou sair de casa no fim de semana.
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Andréia relata que, nesta sexta-feira, teve que voltar para casa às pressas porque estava em uma região judaica e a polícia pediu que os comerciantes fechassem as portas. “Eu saí dali bem rápido”, diz.
A paulistana Tamara Rocha é intérprete e mora na França há dez anos. Ela afirma que, “na quarta-feira, quando teve o atentado, Paris estava até calma, mas desde ontem a gente nota medo no rosto das pessoas”. Ela diz que o clima é de apreensão.
— Moro muito perto da sede do jornal [Charlie Hebdo], então eu passei a ficar com medo. O mercado onde teve o sequestro também está perto da minha casa. Minha rua foi bloqueada, então o clima está tenso. Não tinha metrô, não tinha ônibus.
Tamara diz que sua família no Brasil ficou muito preocupada: “Me ligaram, me procuraram pela internet”. Mesmo assim, ela participou das manifestações pós-atentado no Charlie Hebdo.
— Estive nas manifestações na quarta e ontem, foi muito emocionante. As pessoas começaram a chegar em peso, eram cerca de 30 mil pessoas, era um silêncio de luto. Eles têm muito orgulho da liberdade de expressão que eles conquistaram.
Nesta sexta-feira (9), a polícia francesa anunciou que matou os dois suspeitos do ataque ao jornal na quarta-feira — os irmãos Cherif e Said Kouachi.
Ao mesmo tempo, o sequestrador que mantinha reféns em um supermercado de produtos judaicos, no leste de Paris, também foi morto após uma operação policial no local. Trata-se de Amedy Coulibaly, de 32 anos.