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Califórnia: Mudança climática potencializou fogo em área de risco

Incêndios no estado aumentaram 106% em relação a 2016

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Baixa umidade, ventos fortes e altas temperaturas contribuem para a propagação das chamas
Baixa umidade, ventos fortes e altas temperaturas contribuem para a propagação das chamas Baixa umidade, ventos fortes e altas temperaturas contribuem para a propagação das chamas

Secas prolongadas, temperaturas mais altas que o normal e outros efeitos da mudança climática contribuíram para a magnitude dos incêndios florestais que se alastram pelo sul da Califórnia, nos Estados Unidos, desde a última semana. As condições geográficas típicas da região e a ocupação irregular de muitos terrenos, entretanto, também são parte do problema, conforme explica Donald Falk, professor da Escola de Recursos Naturais e do Meio Ambiente da Universidade do Arizona.

— A Califórnia conta com baixas umidades e altas temperaturas que, historicamente, favorecem muitos incêndios florestais. Recentemente, as mudanças climáticas ainda mudaram o padrão das temporadas de chuvas. Se antes estávamos acostumados a ver incêndios de causas naturais se espalhando pelo estado entre abril e novembro, quando o índice de precipitação era baixo, hoje as chamas consomem o território durante quase o ano todo. Isso sem falar na vegetação local, que é formada por arbustos que contribuem para a propagação do fogo.

Dados do CAL Fire (Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia) mostram que, em 2017, foram registrados 6.762 incêndios no estado, com 2.045 km² destruídos até dezembro — um aumento de 106% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram contabilizados 4.742 incêndios e 988 km² destruídos.

Falk completa que, no caso da Califórnia, o fogo que geralmente começa pela ação dos raios é alimentado pelos chamados ventos de Santa Ana — que se originam de massas de ar de alta pressão no interior do estado e se movem em direção ao oceano a mais de 100 km/h. Eles ocorrem no outono do hemisfério norte — que vai de setembro até dezembro — e deixam o tempo mais quente e seco que o normal. “Soma-se a isso o fato de que muitas pessoas constroem suas casas justamente na rota do fogo — que é basicamente a mesma coisa que ir para rua e se colocar no meio de um tornado”, diz o professor.

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Desde o início do mês de dezembro, as chamas se alastraram por mais de mil km² em toda a Califórnia. O pior dos focos até agora é o chamado Thomas Fire — que já consumiu 937 km² de terras desde a última semana entre os condados de Santa Barbara e Ventura. O incêndio é considerado atualmente o quinto maior do estado desde 1932, danificando 790 casas, anexos e outras estruturas e deixando 90 mil residências e negócios sem energia.

Para Paulo Artaxo Netto, professor do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), um melhor planejamento urbano teria, de fato, feito alguma diferença no saldo da destruição.

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— Construir casas em uma região que historicamente tem incêndios florestais importantes é parte do problema. A ocupação do território de maneira inapropriada traz danos maiores do que se tivesse havido planejamento adequado. Uma das medidas a se tomar a partir de agora poderia ser, por exemplo, que não se permitisse construir casas em áreas de risco iminente de incêndios.

Por fim, o especialista da USP conclui que, tão importante quanto uma melhor organização dos terrenos, é a redução dos gases de efeito estufa que potencializam o aquecimento global: "Evidentemente os incêndios temporários sempre fizeram parte da manutenção dos ecossistemas no meio oeste americano. O combate à mudança do clima, entretanto, é uma tarefa absolutamente essencial pra diminuir o risco futuro da ocorrência desses eventos. Isso previne incêndios maiores e outros efeitos indesejados". 

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