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Casal de cadeirantes conta o drama e as dificuldades na guerra

Repórteres André Azeredo e André Zorato falam com ucranianos que tentam superar ainda mais as limitações do dia a dia

Internacional|Do R7

A primeira pancada foi aos 19 anos. E foi forte, no pescoço. Suficiente para fraturar a cervical. O acidente num parque aquático limitou os movimentos das mãos e colocou Vitalii em uma cadeira de rodas.

Vitalii Pcholckin conta que, depois de aprender a andar com a cadeira de rodas, começou a praticar esportes
Vitalii Pcholckin conta que, depois de aprender a andar com a cadeira de rodas, começou a praticar esportes Vitalii Pcholckin conta que, depois de aprender a andar com a cadeira de rodas, começou a praticar esportes

Era hora de reaprender a viver. “Foi muito difícil no começo. Fiquei muito deprimido. Mas, com ajuda, consegui ir me adaptando”, conta o rapaz.

Vitalii Pcholckin se acostumou à cadeira e aprendeu a andar com ela. Ele se sentiu confortável para começar a praticar esportes e teve coragem de “se mostrar para a sociedade”. Aliás, comprou um apartamento com dinheiro que ganhou ao longo dos anos trabalhando em uma ONG que ajuda deficientes físicos.

Também tinha muito espaço para o amor. Vitalii se casou com outra cadeirante: Uliyana. “Eu estava vivendo um sonho”, diz.

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Vitalii e Ulyana momentos depois do ataque russo que atingiu o prédio onde moravam
Vitalii e Ulyana momentos depois do ataque russo que atingiu o prédio onde moravam Vitalii e Ulyana momentos depois do ataque russo que atingiu o prédio onde moravam

Estava, porque essa história de superação acabou. Pelo menos, foi brutalmente interrompida. Vitalii e a esposa moravam na cidade ucraniana de Bucha, ao norte da capital Kiev, que foi alvo das forças russas.

Aos 33 anos, veio a segunda pancada.

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Ataque russo atingiu o prédio onde o casal morava
Ataque russo atingiu o prédio onde o casal morava Ataque russo atingiu o prédio onde o casal morava

Um tiro de canhão acordou o casal em uma madrugada de fevereiro. O prédio dele agora tinha um buraco. Chamas começaram a se espalhar pelos andares e chegaram ao térreo, exatamente onde o casal morava.

“Era assustador. Eu não só ouvi os barulhos, mas eu vi os homens trocando tiros da minha janela. Os vidros quebraram. O barulho era muito alto. Nos escondemos no banheiro”, lembra Uliyana.

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Aos poucos, a destruição começou a se espalhar. Todos os prédios vizinhos foram destroçados em pouco tempo. Era hora de fugir. Ou não…

“Na rua, a gente via vizinhos mortos dentro dos carros deles. Cabeças caídas em cima dos volantes. Eles não escaparam à linha de fogo”, conta o casal.

Voltaram imediatamente para casa. E enfrentaram, então, outro desafio: ficar sem luz, sem água, sem comida e, o pior, sem independência.

“Eu me senti como se estivesse regredindo. Dependia demais das pessoas”, revela Vitalii.

Duas semanas depois, foi aberto um corredor humanitário. Vitalii e Ulyana vieram para Lviv, cidade do oeste, onde estão abrigados muitos refugiados. Hoje, eles estão em um apartamento de amigos que foram para casa de parentes da Alemanha.

Casal mostra buraco de tiro no prédio onde moravam
Casal mostra buraco de tiro no prédio onde moravam Casal mostra buraco de tiro no prédio onde moravam

Por trabalhar na ONG, Vitalii tem muitos contatos, muitos amigos. Recebeu convites para ficar temporariamente na Suécia, Polônia e Itália. Recusou todos.

“Vou ficar sim. Tem muitos cadeirantes ucranianos que precisam de ajuda. Precisam de remédios. Têm muitos em falta. Então uso o celular para fazer as pontes”, conta. 

O destino ainda é incerto para este jovem que vem acumulando superações e parece estar sempre à espera da próxima pancada para superá-la mais uma vez.

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