A crise econômica na Venezuela, além de dificultar o acesso a produtos básicos e a alimentos como frango e açúcar, já causa fortes repercussões na área da Saúde.
Sem acesso a vários medicamentos, devido à escassez, a população também não está conseguindo encontrar preservativos no mercado. E quando encontra, o preço é abusivo.
Segundo o site americano Bloomberg Business, o preço de cada preservativo chega a 4.760 bolívares (cerca de R$ 2.036,00), o que praticamente afasta qualquer comprador, prejudicando inclusive programa de prevenção à AIDS e à gravidez precoce no país.
Jonathan Montilla, de 31 anos, diretor de arte de uma empresa de publicidade, resumiu o descontentamento geral em relação à situação.
—O país está tão confuso agora que temos que esperar na fila até para ter relações sexuais. Esta é uma nova baixa.
A queda brutal do preço do petróleo ameaça o país, cuja inflação anual chega a 63%, de um colapso econômico caso o valor da commodity não retorne a patamares de meses atrás. Dependente em mais de 90% da venda de petróleo para obter divisas, a Venezuela teve uma queda de 60% das receitas neste setor.
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E como a Venezuela importa praticamente todos os seus produtos para consumo, não tem sobrado capital para a aquisição de produtos que vão desde desodorantes a fraldas descartáveis. Os preservativos também praticamente sumiram.
Isto justamente em um momento no qual o país, onde o aborto é ilegal, luta para sair da lista dos que mais têm casos de infecção por HIV e gravidez na adolescência. Atualmente a Venezuela é um dos mais problemáticos da América do Sul nestes temas.
Jhonatan Rodriguez, gerente-geral da organização StopHIV, se mostrou inconformado com a falta de preservativos e com o valor alto dos poucos que são encontrados.
— Sem preservativos não podemos fazer nada. Esta escassez ameaça todos os programas de prevenção temos vindo a trabalhar em todo o país.