Resumindo a Notícia
- Porta-voz curdo disse que 29 pessoas morreram nos ataques aéreos da Turquia na Síria
- Ao menos 11 vítimas eram civis, segundo fontes na Síria
- Ataques aéreos são uma resposta a um atentado em Istambul, com mais de 50 vítimas
Jato F-16 da Força Aérea da Turquia
Ozan Kose/AFP - 20.9.2018Uma série de bombardeios perpetrados na noite de sábado (19) pela aviação turca contra vários pontos do norte da Síria causou a morte de 29 pessoas, 11 delas civis, informaram neste domingo as FSD (Forças da Síria Democrática), uma aliança armada liderada pelos curdos sírios.
Segundo a contagem oferecida pelo porta-voz curdo Farhad Shami no Twitter, 11 das vítimas são civis e outras 15 pertencem às fileiras das forças do governo sírio, enquanto o FSD sofreu uma baixa e dois guardas de segurança morreram enquanto guardavam alguns silos.
Pouco antes da meia-noite de sábado, a Turquia bombardeou várias áreas nas províncias sírias de Aleppo, Al Raqa e Al Hasaka e atacou principalmente pontos controlados pelos sírios curdos, que mantêm uma autoproclamada administração autônoma no nordeste do país árabe.
Os ataques aéreos também atingiram algumas posições das tropas de Damasco.
O FSD disse em um comunicado que os 11 civis foram mortos no mesmo incidente na localidade de Derik, onde um grupo de residentes e agentes de saúde estava reunido para atender a vítima de um primeiro bombardeio, quando foram surpreendidos por um novo lançamento.
Segundo a nota, o bombardeio continuou de forma intermitente até esta manhã.
"O Estado turco há muito se prepara para lançar ataques em grande escala contra várias regiões do norte e leste da Síria. Depois de arquitetar a conspiração da explosão de Istambul, usou-a como pretexto para ameaçar nossas regiões", denunciou a aliança armada.
Os bombardeios ocorreram depois que Ancara apontou uma mulher síria como a principal suspeita do ataque que há uma semana matou seis pessoas e deixou 81 feridos em Istambul, e afirmou que ela havia sido treinada pelas Unidades de Proteção do Povo Sírio (YPG), um dos principais componentes do FSD.
Ancara considera o YPG e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), guerrilheiros curdos da Turquia, ramos regionais da mesma organização e, portanto, considera ambos como organizações terroristas.
As forças curdas sírias negaram qualquer conexão com a explosão de Istambul e acusaram o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de buscar uma desculpa para atacar o norte da Síria a fim de obter apoio para as eleições a serem realizadas no país no ano que vem.
Embora esta não seja a primeira "operação aérea" lançada pela Turquia contra alvos curdos na Síria nos últimos meses, os bombardeios e o contexto em que são enquadrados aumentaram o temor de uma ofensiva transfronteiriça em grande escala com a qual Erdogan vem ameaçando.